Diante do crescimento da intenção de votos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os partidos de oposição cobram do PSDB mais empenho na corrida eleitoral. PPS e DEM pressionam tucanos a antecipar campanha e definir o candidato do partido: o governador de São Paulo, José Serra, ou de Minas, Aécio Neves.
A cúpula do PSDB, também exigida internamente, promete responder. A ideia é aumentar a exposição do partido, mas não se fala sobre antecipação das prévias para escolha do candidato. ;Nós vamos intensificar a campanha de oposição ao governo e entrar com a campanha no segundo semestre;, disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). A ofensiva terá campanha em rádio e televisão, além de encontros temáticos pelo Brasil. A primeira reunião tratará de políticas públicas voltadas para as mulheres.
As inserções terão como mote apontar falhas do governo Lula. Os tucanos vão explorar as medidas tomadas para taxar a poupança e ineficiências do programa Minha Casa, Minha Vida. Uma das metas é mostrar o que pensa e o que deseja a população. O secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), reconhece haver problemas na estratégia de comunicação. ;Estamos preocupados com a comunicação do partido;, disse. Para ele, uma resposta forte ao crescimento da pré-candidata do governo é acelerar as negociações sobre as alianças estaduais para 2010. O objetivo é ganhar terreno com a campanha nos estados.
DEM e PPS gostariam que os tucanos já estivessem em campanha estabelecendo um contraponto a Dilma e Lula. ;O PSDB adora ficar em cima do muro. É tanta tucanice que acaba prejudicando. Não precisa ficar enrolando. A Dilma já está em campanha quem ganha com isso é o governo. A oposição só perde;, disse o vice-presidente do PPS, Geraldo Thadeu.
Patamar
A ideia que antes se limitava aos dois partidos aliados começa a ganhar adeptos no PSDB. O argumento para levar Serra às ruas é não perder o patamar próximo de 40% que ele conquistou, além de trabalhar para limitar o crescimento de Dilma. O governador de São Paulo acredita que se ceder a essa pressão poderá se desgastar. Aécio Neves toparia a iniciativa. Ele tenta convencer Serra a bancar a saída dos dois pelo país para divulgar as propostas tucanas.
Para não cair na retórica de que Lula e Dilma discursam sozinhos, a cúpula tucana diz ser esperado o crescimento eleitoral da ministra nas pesquisas de intenção de votos. ;Nós aferimos esse crescimento da Dilma há 60 dias, não é novo;, disse o presidente tucano. Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) encomendada ao Instituto Sensus mostrou empate técnico entre Dilma e Serra na pesquisa espontânea, na qual o entrevistado não tem acesso a uma lista com nomes pré-determinados. O tucano tem 5,7% das respostas e a petista, 5,4%. Aécio aparece com 3%. O campeão de menções ainda é Lula, com 26,2%.
No levantamento estimulado, com lista pré-determinada, o governador de São Paulo vence todos os cenários. Ele atinge seu maior percentual (45,9%) quando concorre com Heloisa Helena (PSol), que aparece com 13,3%, e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, com 10%. A ministra Dilma tem entre 22,3% e 27,8%. O menor índice é aferido quando ela concorre com José Serra (38,8%), Heloisa Helena (10,3%) e Ciro Gomes (9%). Enquanto Serra teve queda de 5,3 pontos, a chefe da Casa Civil registrou crescimento que varia de 7,9 a 13,9 pontos percentuais. A aprovação pessoal de Lula chegou a 81,5% em maio contra 76,2% em março. O índice se aproximou do recorde histórico de 84%, registrado em janeiro deste ano.