Envolvido com temas como a manutenção do voto direto para a escolha de deputados e, portanto, contra o projeto em discussão no Congresso que cria a lista fechada nos partidos políticos, o líder do PSB na Câmara, deputado Rodrigo Rollemberg (DF), tem se empenhado também em viabilizar a candidatura de seu correligionário, o deputado Ciro Gomes (CE), à Presidência da República. Ele acredita que duas candidaturas na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva facilitam um segundo turno e a vitória de um nome que represente o atual projeto político no poder desde 2003.
Mesmo engajado nas questões nacionais, Rollemberg tem participado dos debates no DF sobre as próximas eleições. Em entrevista ao Correio, ele sinaliza que seu partido deverá marchar com o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PT) na disputa ao governo local.
A reforma política será aprovada no Congresso neste ano?
Nas questões mais substantivas, é muito difícil fazer qualquer previsão. O certo é que tivemos grande vitória ao conseguir garantir o voto direto que estava ameaçado com o movimento que pretendia implantar a lista fechada. Fizemos uma reunião com nove partidos da base do governo fechados a favor do voto direto. Houve um compromisso de não aprovar nada na reforma política que não fosse consenso na base.
Há possibilidade de aprovar a janela para mudança de partido ou projeto que adia o prazo de filiações?
Não vejo ambiente para aprovar nenhum deles. O PSB, por exemplo, é contra esses dois projetos.
Na sua avaliação, a base do governo Lula estará unida em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff?
Entendemos que a ministra Dilma reúne todas as condições para ser candidata. Do ponto de vista ético e gerencial, ela já demonstrou capacidade. No entanto, o PSB tem um pré-candidato, Ciro Gomes, que também demonstrou sua capacidade. É uma pessoa que reúne todas as condições para ser candidato. Queremos debater com o presidente Lula o fato de termos duas candidaturas da base. Isso favorece a continuidade do projeto político iniciado por ele porque provoca o segundo turno.
Quem é o candidato e adversário mais forte: Aécio Neves ou José Serra?
Diria que no PSDB o Serra aparenta ser um candidato mais forte. Mas numa campanha eleitoral, me parece que o Aécio seria um candidato mais competitivo. Há uma nova geração de políticos no Brasil, como Aécio e Eduardo Campos, com uma característica muito valiosa que é o resgaste da política como instrumento do diálogo, da superação das diferenças, da construção de consensos. Nesse sentido, Aécio demonstra maior habilidade que o Serra. Ele conversa com todas as forças políticas e isso é muito importante, sobretudo nos momentos de crise. Se o Brasil enfrentar uma crise, que precise construir pactos com as diversas forças políticas, um perfil como esse acaba sendo mais valioso para o país e mais reconhecido pela população.
Em 2002, Ciro perdeu pontos por causa do temperamento. A personalidade dele atrapalha?
Diria que a maior qualidade é a sua competência, testada em todos os ambientes. Essa questão do temperamento nunca influiu. É uma questão absolutamente irrelevante.
Qual é a sua opinião sobre o projeto que dá a Lula a possibilidade de disputar terceiro mandato?
A discussão é absolutamente inoportuna e cheira a casuísmo. Tenho convicção de que esse debate não vai prosperar no Congresso.
Quais são as perspectivas do PSB no Distrito Federal para 2010?
Um grupo minoritário defende candidatura minha ao governo, especialmente se o PSB tiver candidato próprio à Presidência da República. Há uma outra corrente que acha que devo ser candidato ao Senado. E há uma outra que acha que devo ser candidato a deputado federal. Nós estamos discutindo isso com muita tranquilidade. A minha preferência hoje é ser candidato a deputado.
A escolha do PT por Agnelo Queiroz, mesmo que informal, facilita a aproximação do PT com PSB?
O Agnelo tem excelente trânsito com o PSB. Sem dúvida, há uma simpatia no PSB pela sua candidatura.
E pela do Geraldo Magela?
Magela não é candidato. O PT já decidiu.