A Polícia Legislativa do Senado visitou nesta quinta-feira o imóvel funcional ocupado por familiares de João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos da Casa, depois da denúncia de suposta depredação do apartamento com a possibilidade de retirada de objetos do local. Os policiais tiraram fotos o imóvel e vão compará-las com as informações da Secretaria de Patrimônio da Casa para confirmar se houve furto de objetos ou danos ao local.
Os policiais também vão analisar a legislação do Senado referente à ocupação de imóveis para verificar se houve crimes cometido pelos parentes de Zoghbi --como depredação do patrimônio público, roubo ou furto. A Polícia Legislativa só vai instaurar inquérito depois de analisar a regulamentação dos apartamentos funcionais.
A Polícia Legislativa recebeu a denúncia de servidores do Senado que trabalham na administração dos imóveis funcionais. A Folha Online apurou que, no apartamento ocupado por parentes de Zoghbi, há armários desmontados e ausência de aparelhos de ar condicionado. O Senado não sabe, porém, se os aparelhos foram retirados pelos familiares do ex-diretor ou se pertenciam efetivamente à família Zoghbi.
O senador Mão Santa (PMDB-PI), terceiro-secretário da Casa, disse que pretende instalar comissão de sindicância para investigar se houve depredação do local. A terceira-secretaria, no entanto, vai esperar o laudo da perícia realizada pela Polícia Legislativa para definir se a comissão será realmente criada.
"Recebemos denúncia de que familiares do Zoghbi depenaram o apartamento funcional. Eu mandei uma comissão ir lá para investigar. Isso pode ter sido feito por terceiros, mas aí é crime também porque tem a ver com patrimônio público", afirmou Mão Santa.
A Folha Online procurou o advogado de Zoghbi, Antonio Carlos de Almeida Castro, que não atendeu às ligações da reportagem. Kakay, como é conhecido o advogado, está em viagem no exterior.
Imóvel Zoghbi pediu demissão do cargo depois de ser acusado de ceder o apartamento funcional ao seu filho, mesmo morando em uma mansão em Brasília. O apartamento teria sido reformado no ano passado para acomodar o filho recém-casado do diretor. Antes da reforma, o imóvel foi ocupado por outro filho de Zoghbi e sua ex-mulher, sem que o diretor morasse no local.
O ex-diretor foi indiciado pela Polícia Legislativa da Casa por formação de quadrilha e corrupção passiva. O servidor é acusado de beneficiar empresas de sua família em operações de crédito consignado firmadas pelo Senado junto a bancos que prestam serviços à instituição.
Zoghbi é suspeito de usar o nome de sua ex-babá, Maria Izabel Gomes, 83, que mora na casa dele, para abrir três empresas --DMZ Consultoria Empresarial, DMZ Corretora de Seguros Ltda e Contact Assessoria de Crédito Ltda. A suspeita é de que parte do faturamento dos últimos anos dessas empresas, cerca de R$ 3 milhões, teria como origem contratos assinados pelo Senado.