A base aliada do governo no Senado trabalha para reverter a indicação do senador Arthur Virgílio (PSD - AM) para a relatoria da CPI das ONGs. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse esperar que o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) seja reconduzido ao cargo, mas afirmou que os governistas estão tranquilos na comissão uma vez que têm a maioria dos seus integrantes.
"Se não for possível reverter a decisão do senador Heráclito Fortes [DEM-PI], vamos atuar da forma que der. Temos maioria. Ou combinamos uma forma de trabalho ou a CPI vai funcionar com dificuldades", disse Jucá.
Uma manobra atrapalhada da base governista no Senado entregou à oposição a relatoria da CPI das ONGs. Heráclito, presidente da comissão, designou o senador Arthur Virgílio (AM) para a relatoria da comissão depois que a base governista transformou o senador Inácio Arruda (PcdoB-CE), relator da CPI, em suplente da CPI.
Arruda virou suplente depois de ser foi indicado para membro titular da CPI da Petrobras. O regimento do Senado, no entanto, impede que um mesmo senador seja titular de duas comissões simultaneamente --por isso o parlamentar virou suplente da CPI das ONGs e perdeu a relatoria. Pelas regras da Casa, só podem ocupar a relatoria e a presidência das comissões senadores que são titulares.
Os governistas trabalham, agora, para reverter a indicação de Virgílio para a relatoria. Arruda já foi transferido para a suplência da CPI da Petrobras, o que abre caminho para que retome o cargo de relator da CPI das ONGs --já que a oposição está com a presidência e a relatoria.
A CPI das ONGs investiga as entidades não-governamentais que receberam recursos acima de R$ 200 mil do governo federal desde 1999. Somente no período estabelecido pela CPI para as investigações, a oposição estima que foram transferidos R$ 32 bilhões do governo federal para ONGs e Oscips (organizações da sociedade civil de interesse público).