Os governistas querem ganhar tempo na disputa com a oposição pelo comando da CPI da Petrobras e evitar que as investigações ganhem fôlego ainda no primeiro semestre. Eles apostam no recesso para esfriar as investigações. Apesar de sinalizarem que podem apresentar ainda hoje os nomes para compor a CPI, líderes aliados dizem que pretendem deixar para a próxima semana a definição do presidente e relator.
Líderes alinhados com o Palácio do Planalto passaram a defender publicamente que a presidência e a relatoria fiquem nas mãos dos governistas. A oposição afirma que está disposta a brigar por um espaço na direção dos trabalhos da CPI.
"A oposição não pode dar aval a vetos do governo, não pode aceitar interferências indevidas. Nós vamos insistir em nosso espaço. É um direito", disse senador Álvaro Dias (PSDB-PR), argumentando que deveria ficar com a presidência porque foi ele quem apresentou o pedido de criação da CPI.
O interesse dos governistas em atrasar ao máximo a instalação da CPI da Petrobras se justifica pelo calendário parlamentar. A avaliação de líderes alinhados com o Palácio do Planalto é que, se o trabalho da comissão começar apenas em junho, os senadores terão pouco tempo para dar ritmo às investigações --além do feriado de Corpus Christi, o recesso parlamentar começa no início de julho.
Para uma CPI funcionar no recesso é preciso que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autorize seus trabalhos.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que não acredita em manobra do governo para adiar as investigações, mas afirmou que a oposição está disposta a trabalhar em qualquer momento. "A nossa disposição de apurar e esclarecer essas denúncias de irregularidades não vai ficar engavetada. Nós sabemos o que precisa ser esclarecido e vamos cobra", disse.