Pelo menos um terço dos 54 deputados estaduais do Paraná ultrapassou o limite de 20 pontos anuais na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), estabelecido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e estão com processo de suspensão aberto no Departamento de Trânsito do Paraná (Detran). Sete já tiveram o documento suspenso e outros 11 foram notificados, alguns com recurso protocolado. Entre eles, estão quatro dos cinco integrantes da Comissão de Ética, que deve analisar processo de cassação do mandato do deputado Fernando Ribas Carli Filho (PSB) que soma 125 pontos e é acusado de, ao dirigir embriagado e em alta velocidade, provocar a morte de dois jovens em Curitiba.
O levantamento foi feito pelo jornal "Folha de Londrina", que não teve acesso aos prontuários de 16 parlamentares. O presidente da Comissão de Ética, deputado Pedro Ivo Ilkiv (PT), apresenta 16 pontos na carteira, mas uma das multas é gravíssima por transitar em velocidade superior a 25% à permitida em rodovia (artigo 218 do CTB), o que acarreta suspensão do direito de dirigir. Ele disse que a multa é de 2003. No recurso, alega não ter percebido uma placa que determinava velocidade de 40 quilômetros, continuando a trafegar a 80 quilômetros por hora. "Entendo que não me desabona para estar à frente da Comissão de Ética, mas se os familiares das vítimas entenderem que isso me desabona, ponho meu cargo à disposição", afirmou.
O deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB), também integrante da Comissão de Ética, ressaltou que os 55 pontos anotados em sua carteira são a somatória de todo o período em que tem a habilitação. No entanto, ele tem um processo de suspensão em andamento por ter alcançado o limite de 20 pontos em 2006. Segundo o deputado, uma das multas por estacionamento foi aplicada de forma irregular. "Bati uma foto e fiz recurso dessa multa", acentuou.
Igualmente membro da comissão, o deputado Ademar Traiano (PSDB) tem 43 pontos. Segundo ele, as multas foram aplicadas quando funcionários dirigiam os carros. "Estamos em fase recursal e minha carteira não está cassada", afirmou. "Se a mesa entender que é necessário o afastamento (da Comissão de Ética), não tem nenhum problema." O deputado Osmar Bertoldi (DEM) também não se sente impedido de analisar o processo. "Não são multas graves", justificou. Ele igualmente creditou aos funcionários os 24 pontos na carteira.