Jornal Correio Braziliense

Politica

Tática para proteger Dilma é rechaçar 3º mandato e reforçar imagem da 'mãe do PAC'

;

Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petistas e ministros deflagraram uma campanha para reforçar a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, alvo de um ;ataque especulativo;, segundo governistas, desde a divulgação de seu tratamento contra o câncer. A estratégia começou a ser executada ontem em duas frentes. Numa delas, foi divulgado o resultado parcial de uma pesquisa encomendada pelo PT ao instituto Vox Populi que apontaria a ;mãe do PAC; com 22% das intenções de voto para a Presidência. Na outra, auxiliares de Lula saíram a campo a fim de rechaçar a tese do terceiro mandato, que serviria apenas para enfraquecer a ministra. ;Ela é uma candidata consolidada. Esperávamos que chegasse aos 20% no fim do ano, mas está bem melhor e com condições de crescer mais;, disse o líder petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). Além de divulgar o novo percentual conquistado por Dilma, que a colocaria na segunda posição no páreo presidencial, atrás do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), com 40%, governistas foram orientados a lembrar que a ministra é pouco conhecida pela população. Ou seja, ainda teria muito a crescer, embalada pela baixa rejeição e a ajuda de Lula. ;Se não usarmos essa informação, e bem usada, haverá um clima de debandada geral;, afirmou um cacique petista que analisou os dados do levantamento com a secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra. Desde o anúncio da doença de Dilma, Lula capta sinais de afastamento das siglas aliadas. Cobiçado como parceiro preferencial para 2010, o PMDB, por exemplo, intensificou as conversas com o PSDB. Tem tratado ainda, informalmente, da possibilidade de apoiar uma emenda em favor da re-reeleição. Além disso, voltou a cogitar o lançamento de um concorrente próprio à sucessão de Lula. Esse ponto foi discutido pelos presidentes da Câmara, Michel Temer (SP), e do Senado, José Sarney (AP), na segunda-feira passada. ;Eu advogo a tese da candidatura própria. Temos que deixar de ser a eterna noiva;, declarou o deputado Moisés Avelino (PMDB-TO). Indefinição Avelino foi um dos participantes de jantar na casa do líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), na quarta-feira, quando integrantes da legenda discutiram táticas para 2010. Na ocasião, houve uma espécie de consenso sobre a indefinição do cenário eleitoral. ;O quadro está absolutamente confuso;, concordou o deputado Rodrigo Rollemberg (DF). Líder do PSB na Câmara, Rollemberg mostrou descontentamento com a estratégia petista. Sobretudo porque o PT não divulgou o percentual de votos no pré-candidato socialista, o deputado Ciro Gomes (CE), e ainda ;vendeu; a versão de que o crescimento de Dilma ocorreu à custa da queda do parlamentar cearense e da vereadora Heloísa Helena (AL). ;O Ciro não aparece na pesquisa? Tínhamos claro que a ministra, graças à sua superexposição, passaria o deputado. Mas entendemos que a campanha só começa mesmo com a propaganda na televisão;, afirmou Rollemberg. Ele ressaltou ainda que, apesar de Lula negar, governistas mantêm conversas sobre eventual mudança na Constituição para garantir ao presidente o direito de disputar um terceiro mandato seguido. O deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) pretende apresentar até o fim da próxima semana uma proposta nesse sentido. ;A gente percebe insinuações nos partidos, sobretudo no PMDB, sobre o terceiro mandato para Lula;, arrematou Rollemberg. Lula nega que queira continuar no Palácio do Planalto depois de 2011. Já afirmou que isso seria ;brincar com a democracia;. No curto prazo, considera a discussão um desserviço aos esforços para dar fôlego à ministra. ;Vamos votar contra uma PEC desse tipo. Mas, se ela passar, vamos discutir o terceiro mandato da Dilma, porque o presidente Lula não será candidato;, disse Vaccarezza. Os ministros da Justiça, Tarso Genro, e de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, ecoaram a mesma cantilena ontem. ;Seria uma ruptura com esse processo de normalidade que todos estamos empenhados em afirmar;, declarou Genro. ;Essa questão do terceiro mandato se torna recorrente porque está estabilizado na mente de todo mundo que o governo brasileiro é de sucesso;, acrescentou. Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, identifica outro motivo por trás da discussão. ;É natural que setores do PT, talvez assustados com as perspectivas que a oposição tem para a eleição do ano que vem, pensem em terceiro mandato.; » Dê sua opinião Deseja opinar sobre a proposta de terceiro mandato para Lula? Escreva para