O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse nesta quarta-feira que a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), tem "condições de se defender" das acusações de caixa dois durante sua campanha ao governo do Estado, em 2006.
Serra defendeu um "exame apurado" dos depoimentos que ligam a governadora ao esquema de caixa dois antes de conclusões antecipadas que possam prejudicá-la. "Isso merece uma averiguação profunda antes de conclusões que podem ser levianas", afirmou.
Yeda busca apoio dentro do partido para se defender das acusações. A governadora tucana se reuniu nesta quarta-feira com o advogado Eduardo Ferrão. É o mesmo que cuidou da defesa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) nos processos abertos contra ele no ano passado por quebra de decoro parlamentar. Ferrão também defendeu Cássio Cunha Lima (PSDB), governador cassado da Paraíba.
Ainda hoje, Yeda se reúne com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Ela já esteve hoje com o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP). Guerra disse ontem que a direção do partido não pode se responsabilizar pela defesa das denúncias contra Yeda.
"A operação nacional do partido é uma coisa, a local é outra. Não faz o menor sentido [nos envolvermos na defesa]. Não estamos sendo acusados nem vitimados por nenhum tipo de denúncia. O fato é que essas denúncias são contra a governadora e ela saberá se defender", disse Guerra ontem.
Yeda ainda deve tentar se encontrar com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM). O ex-chefe do escritório de representação do Rio Grande do Sul em Brasília Marcelo Cavalcante, foi encontrado morto no lago Paranoá. O crime deve ser o tema do possível encontro.
Denúncias Yeda e integrantes do governo são suspeitos de participação num esquema de desvio de dinheiro no Detran-RS, fraude em licitações, além de caixa dois na campanha eleitoral de 2006.
Segundo reportagem da revista "Veja" desta semana, gravações feitas pelo empresário Lair Ferst, um dos ex-coordenadores da campanha tucana em 2006, revelam que Carlos Crusius --marido de Yeda-- teria recebido R$ 400 mil em espécie. As gravações mostrariam uma conversa entre Ferst e Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda, encontrado morto em fevereiro, em Brasília.
Para a revista, os áudios mostram que Cavalcante admite que, depois do segundo turno da eleição de 2006, coletou R$ 200 mil da Alliance One e outros R$ 200 mil da CTA Continental, empresas de fumo.
Em entrevista ao jornal "Zero Hora", Carlos Crusius disse que nunca viu "R$ 400 mil juntos" na vida. Yeda também nega a existência do caixa dois.