Jornal Correio Braziliense

Politica

Deputado Moreira Mendes rejeita relatoria no processo de Moreira

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Convidado pelo presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), para assumir a relatoria do processo contra o ex-corregedor da Câmara Edmar Moreira (sem partido-MG), o deputado Moreira Mendes (PPS-RO) não aceitou a atribuição. Em reunião marcada para amanhã, Araújo vai destituir o atual relator, Sérgio Moraes (PTB-RS), por entender que o parlamentar fez um prejulgamento do caso ao declarar que não via motivos para condenar Edmar Moreira. O relator disse ainda que está se "lixando para a opinião pública". Outros dois deputados, Hugo Leal (PSC-RJ) e Ruy Pauletti (PSDB-RS), também rejeitaram a relatoria. "Sem relator este processo não vai ficar", afirmou hoje José Carlos Araújo. Moreira Mendes alegou que tem muitas tarefas na Câmara. "Estou em seis comissões diferentes. Estou disposto a colaborar com o conselho, mas para ser relator é preciso muita dedicação, porque o parecer tem que ser muito bem fundamentado", afirmou o parlamentar do PPS. Conhecido por ser dono de um castelo de R$ 25 milhões na zona da mata mineira, registrado em nome dos dois filhos, Edmar Moreira é suspeito de ter se apropriado indevidamente de recursos da verba indenizatória a que os deputados têm direito mensalmente. Além dos abusos com a verba indenizatória, a Câmara esteve recentemente no centro de uma série de denúncias sobre uso irregular da cota de passagens aéreas. Moreira Mendes, por exemplo, usou parte da cota para financiar viagens da mulher e do filho para Miami, em agosto de 2007. Hoje o deputado negou que este fato tenha pesado na decisão de não aceitar a relatoria do caso Edmar Moreira. "Não seria um impedimento. Não havia regra para as passagens aéreas, todo mundo foi pego. É um assunto que me incomoda muito, eu fiz de boa fé", afirmou Moreira Mendes, que vai devolver pouco mais de R$ 5 mil à Câmara para ressarcir o valor das passagens. Já o deputado Sérgio Moraes insiste que não aceita sair a relatoria. Se, no entanto, a destituição for oficializada amanhã o deputado gaúcho promete recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Não há nenhum motivo para eu sair da relatoria, e não vou sair. Eu nunca antecipei meu parecer. A imprensa quer que eu condene o Edmar previamente. Como não vou fazer isso, quer me tirar na relatoria. Querem jogar o Edmar no fogo, mas eu não compactuo com isso", reiterou.