O Senado vai conceder aposentadoria ao ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi. Ele é investigado por uma comissão de sindicância da Casa que apura a suspeita de que recebeu propina para beneficiar instituições bancárias em operações de empréstimos consignado para servidores. O pedido para o benefício teria sido uma manobra de Zoghbi para evitar ser demitido e sofrer perdas salariais.
Segundo o diretor-geral da Casa, Alexandre Gazineo, Zoghbi preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, que são idade e tempo de contribuição. Atualmente, Zoghbi está lotado no ILB (Instituto Legislativo Brasileiro).
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), disse nesta segunda-feira que pediria ao primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), que adiasse uma reposta ao pedido apresentado pelo ex-diretor na semana passada até a conclusão das investigações. O primeiro-secretário afirmou que o pedido de aposentadoria do ex-diretor é legal, tem um prazo para ser cumprido e não interfere no andamento da sindicância, tendo em vista que a concessão do benefício pode ser revista em até cinco anos. Portanto, se ficar comprovada irregularidades em sua gestão, Zoghbi, mesmo aposentado, terá que responder administrativamente, podendo perder direitos trabalhistas. "A aposentadoria é legal. O que é preciso ver é que a aposentadoria não é irrevogável", disse.
Acusações Zoghbi foi exonerado da Diretoria de Recursos Humanos após a denúncia de que cedeu um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso. Apadrinhado pelo atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB), ele se tornou o propulsor das principais denúncias administrativas que atingem a Casa.
Além do processo por suspeita de receber propina para beneficiar instituições bancárias em operações de empréstimos consignado para servidores, Zoghbi pode ser tornar alvo de mais um processo administrativo. A Polícia do Senado determinou nesta segunda-feira abertura de ocorrência para apurar suas denúncias contra o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Segundo Zoghbi Maia montou um esquema de desvio de recursos em órgãos do Senado. Em entrevista à revista "Época", Zoghbi admitiu ter usado o nome de sua ex-babá Maria Izabel Gomes para ocultar os filhos como verdadeiros donos da empresa Contact, que atuava como correspondente de bancos no mercado de empréstimo consignado no Senado.
Segundo a reportagem da revista, João Carlos e sua mulher, Denise Zoghbi, afirmaram que há corrupção nas contratações no Prodasen (Sistema de Processamento de Dados), na comunicação social, no transporte, na vigilância e no serviço de taquigrafia. O casal diz ainda que Agaciel é sócio de todas as empresas terceirizadas que têm contrato com o Senado.
Na entrevista, o casal também insinua a participação de dois senadores que já comandaram a 1° Secretaria da Casa, a quem Agaciel era subordinado, no esquema.