Pelo menos 117 ex-parlamentares usaram passagens aéreas da Câmara para viajar, mesmo depois de deixar o mandato. Almeida de Jesus (PR-CE), o campeão, utilizou pelo menos 81 vezes a cota, seguido por outros políticos, como o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiróz (PT-DF). A relação inclui, ainda, o presidente do PPS, Roberto Freire, que atuou na Casa como deputado por Pernambuco e o atual vice-governador de Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith (DEM), e o hoje advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que chegou a ser investigado durante a Operação Satiagraha, mas que não teve seu envolvimento comprovado com as fraudes apuradas pela Polícia Federal.
Segundo o site Congresso em Foco, mesmo depois de deixar os mandatos, os parlamentares fizeram diversas viagens utilizando as cotas, inclusive repassando bilhetes para outras pessoas. Segundo Agnelo, o procedimento não é ilegal, já que as passagens eram créditos acumulados pelos ex-deputados quando tinham mandatos e não podem ser devolvidos. ;Não tem nada a ver com o momento atual. Os créditos eram de vários anos. Apesar de não terem mais mandatos, a medida é legal e regimental;, afirmou o ex-ministro.
Agnelo, conforme as informações do site, utilizou os seus créditos por 28 vezes, sendo que oito foram passagens tiradas em nome do ex-parlamentar e o restante para terceiros. ;A parte da minha cota que poderia ser devolvida, que foi de cerca de R$ 1,5 mil, o fiz. Mas o restante não pode retornar ao Congresso;, explicou Agnelo. Além dele, utilizaram os bilhetes pagos pela Câmara, Hamilton Casara (PSDB-RO), que fez 57 viagens, seguida por Miguel de Souza (PR-RO), que teve apenas um bilhete a menos que seu colega de Rondônia.
Repasses
Na relação aparecem pelo menos quatro ex-deputados que não utilizaram seus créditos. João Divino (sem partido-RJ), Remi Trinta (PR-MA), Jorge Gomes (PSB-PE) e Reinaldo Gripp (PP-RJ). Apesar de não terem viajado por conta da Câmara depois de deixar os mandatos, repassaram os bilhetes para parentes ou terceiros, conforme o site. Citado como uma das figuras constantes na relação dos que usavam passagens, o atual vereador em Fortaleza pelo PSol João Alfredo se diz arrependido em ter utilizado sua cota por 24 vezes, nos últimos anos e afirmou ter devolvido R$ 5,8 mil à Casa.
Os demais ex-parlamentares afirmam ao site que tudo foi feito dentro da legalidade, alegando que as cotas não poderiam ser devolvidas.