Na apresentação do balanço de dois anos do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) no Amazonas a prefeitos dos 62 municípios do Estado, o clima foi de palanque rumo às eleições de 2010. Políticos e autoridades louvaram ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, como a "sucessora natural de Lula" e a "grande realizadora das obras do PAC". "Essa mulher trabalha 18 a 20 horas por dia, ela ter de fazer um PAC ao contrário na vida dela e desacelerar", brincou o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Aplaudida pelos prefeitos, a ministra prometeu empenho pessoal no cumprimento das metas do plano no Amazonas. "É aqui e no Nordeste que a visão do presidente é mais prioritária", disse.
A ministra recebeu do governador Eduardo Braga (PMDB) um projeto de parceria dos governos federal, estadual e iniciativa privada no programa Minha Casa, Minha Vida. O programa pretende construir 7 mil casas e apartamentos para famílias que ganhem de 0 a 3 salários mínimos até julho de 2010. "Esse é o projeto mais completo e ousado que já recebi no País".
Em coletiva após a apresentação, Dilma irritou-se com uma pergunta sobre as poucas obras do PAC concluídas nesses dois anos. No item da infraestrutura logística, por exemplo, das 37 obras, apenas sete foram concluídas. "Você esquece que o Brasil passou 25 (anos) sem investir em obras e terminou em apagão. Nós estamos construindo as obras do PAC dentro da lei, com as burocracias existentes e necessárias, como as de relatórios de impacto ambiental, por exemplo", defendeu.
Ela também ficou irritada ao ouvir que as críticas da oposição são de que as obras estão desaceleradas, para serem apressadas mais perto do período eleitoral. "Se alguém acha isso, problema de quem acha. A forma com que estamos fazendo é a possível, em meio a uma crise econômica mundial. E não somos um governo desdentado, temos política fiscal para enfrentar essa crise e tocar as obras," justificou.
Ao ser questionada sobre a solidariedade recebida no Amazonas, a ministra afirmou que teve aproximações que a emocionaram - no sábado, a ministra informou em coletiva que está fazendo tratamento de quimioterapia como parte do tratamento contra as consequências de um linfoma, câncer no sistema linfático, detectado há poucas semanas na axila esquerda. "A solidariedade é muito grande, é reconfortante receber gestos como estes. Representa para mim uma energia muito boa. Só confirma o que já sabemos, que o brasileiro é um povo generoso". Dilma disse ainda que não teme que sua doença seja explorada politicamente. "Seria de muito mau gosto explorar. Doença é doença igual para todo mundo, para mostrar que não somos onipotentes".