O senador do PT de São Paulo Aloizio Mercadante convocou hoje os prefeitos paulistas a pressionar o governador do Estado, José Serra (PSDB), por recursos para enfrentar a crise econômica mundial. "Cadê a marcha dos prefeitos de São Paulo para cobrar do governo do Estado que garanta o (repasse do) ICMS?", questionou Mercadante, diante de uma plateia de 300 militantes petistas. O encontro na capital paulista se propunha a discutir soluções para a crise, mas teve ares de ato em prol da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e contra Serra. A ministra e o governador são virtuais adversários na eleição presidencial de 2010.
Partiram, sobretudo, do líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Rui Falcão, os ataques ao tucano. "A cada iniciativa do governo Lula, encontramos em São Paulo uma contra iniciativa e a torcida do contra", disse o deputado. "Não adianta fazer política da boa vizinhança com essa gente." Mercadante seguiu a linha de Rui Falcão e disse que falta políticas sociais no governo do PSDB. "Não existe resposta neoliberal à crise. O Estado tem que ser o promotor do desenvolvimento", disse o senador.
O líder petista chegou a delegar a tarefa de organizar a marcha de prefeitos ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, ao ex-prefeito de Cosmópolis José Pivatto (PT). "Você que é ex pode mobilizar seus amigos para levantar a cabeça e exigir do governo do Estado políticas de amenização dos impactos da crise", disse o senador. "O ônus não pode ficar só para o governo federal.
Em entrevista à Agência Estado após o evento, Mercadante estendeu a sugestão a todos os Estados brasileiros. "Os governadores precisam garantir o repasse ao longo deste ano de pelo menos o volume de ICMS recolhido ano passado, a exemplo do que fez o governo federal com o Fundo de Participação dos Municípios." Questionado se considerava uma injustiça os protestos se darem apenas contra a União, o senador respondeu: "Não. Acho absolutamente legítimo, mas é preciso que se marche também à administração estadual.
Coube a Marta Suplicy, autointitulada coordenadora da futura campanha de Dilma em São Paulo, e ao senador Eduardo Suplicy a defesa da candidatura da ministra. O discurso de Marta passou longe do tema do seminário, a crise econômica. Ela discorreu por sete minutos sobre as articulações pró-Dilma. "Temos uma coisa ímpar, uma candidata de consenso, a coisa mais difícil do mundo no nosso partido", disse. "É uma mulher competente, que conhece palmo a palmo o governo Lula, com uma cabeça voltada para as coisas novas.
Ferrenho defensor de programas de transferência de renda, Eduardo Suplicy contou ter conversado com Dilma sobre um projeto na área. "Eu quero apoiá-la porque ela me disse ter compreendido bem as razões da proposição do Renda Básica. Quero muito ajudá-la a ser eleita." Mercadante lembrou a declaração do presidente norte-americano Barack Obama sobre Lula para mostrar otimismo em relação às próximas eleições municipais. "A última tese tucana é que, 'na crise, o homem (Lula) cai, quebra a cara e vamos ter chance de subir'. Desculpe, não quebrou. Ele virou 'o cara' e nós vamos ganhar de novo a eleição.