O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) disse que o Brasil não cabe na polarização reciprocamente desejada entre o PT e o PSDB de São Paulo e deu a entender que sua provável candidatura à presidência da República pode representar um avanço no mesmo campo do projeto político liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A análise foi feita hoje durante rápida passagem por Porto Alegre, na qual Ciro proferiu palestra sobre a crise financeira a agricultores, prefeitos e militantes do seu partido e do PCdoB, na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).
Ciro avaliou que a ex-senadora Heloisa Helena (PSOL) pode se tornar o estuário de uma corrente de pensamento que tem simpatia pelo governo Lula, mas que quer mudanças e refuta a radicalização em torno de tucanos e petistas. "Na média, o PT e o PSDB são bons partidos, têm acumulado boa representatividade, bom padrão de decência e lucidez política." Porém, Ciro afirmou que ambas as legendas, quando chegaram ao poder, fizeram alianças com o Brasil do passado e da fisiologia a pretexto de conquistar a governabilidade. "Nessa radicalização só quem não sai do poder é o Brasil do passado, da fisiologia", criticou.
Embora tenha destacado que se sente "absolutamente estimulado a explicar as contradições do governo Lula", colocando-se como alternativa para levar adiante o mesmo projeto, Ciro tratou de apontar algumas diferenças, deixando transparecer que elas podem estar em seu possível discurso eleitoral. Ele admitiu se sentir "incomodado" pelas alianças do PT com "uma certa fração do PMDB" e criticou aumentos da taxa de juros quando a crise já havia começado, no ano passado.