O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nomeou nesta quarta-feira um técnico para comandar a Secretaria de Telecomunicações da Casa. Francisco José Vasconcelos Zaranza assume a cadeira de Carlos Roberto Muniz, que foi afastado do cargo na semana passada depois de supostamente apresentar um dossiê que reúne gastos dos parlamentares com telefones.
Zaranza, que é servidor concursado do Senado, era chefe de gabinete da Secretaria Técnica de Eletrônica. Uma das primeiras medidas do novo diretor de Telecomunicações será apresentar ao comando do Senado uma radiografia dos gastos dos senadores com telefonia, que só em 2008 foi de R$ 11,1 milhões, segundo o site da ONG Contas Abertas. O montante superou as despesas da Câmara com o mesmo tipo de serviço --R$ 10,9 milhões-- no mesmo período, sendo que a estrutura administrativa dos deputados é maior. Para este ano, a previsão do Orçamento da secretaria é de R$ 18 milhões.
Nas últimas semanas, senadores se tornaram alvo de denúncias do uso irregular da cota de telefone. Reportagem publicada hoje no jornal "Estado de S. Paulo" afirma que a conta do telefone celular do Senado que o senador Tião Viana (PT-AC) emprestou à filha em viagem de férias ao México foi de R$ 14.758,07. Procurado pela *Folha Online*, Viana se negou a confirmar o valor e disse apenas que esperava do presidente do Senado as providências relativas à quebra de seu sigilo telefônico.
Denúncias
A onda de denúncias contra o Senado surgiu semanas depois da eleição para a presidência da Casa Legislativa, realizada dia 2 de fevereiro, numa disputa velada entre o PT e o PMDB. Os dois partidos entraram em disputa após a vitória de José Sarney (PMDB-AP) sobre Tião Viana (PT-AC) na eleição para a presidência do Senado. Dois diretores do Senado deixaram seus cargos após as denúncias.
Agaciel Maia deixou a diretoria-geral do Senado após vir a público que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões. João Carlos Zoghbi deixou a Diretoria de Recursos Humanos do Senado após ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso.
Além disso, mais de 3 mil funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. O Ministério Público Federal cobrou explicações da Casa sobre o pagamento das horas extras trabalhadas no recesso. A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, é acusada de usar em março parte da cota de passagens do Senado para custear a viagem de sete parentes, amigos e empresários do Maranhão para Brasília. Por meio de sua assessoria, a senadora disse que nenhum dos integrantes da lista de supostos beneficiados com as passagens viajou às custas do Senado. No lado oposto, veio à tona a informação que Viana cedeu o aparelho celular pago pelo Senado para sua filha usar em viagem de férias ao México.