O banco Opportunity afirmou nesta quarta-feira (8), em nota, que a operação de apreensão e busca da Polícia Federal (PF) na sede da instituição no Rio de Janeiro está "impregnada de arbitrariedades". De acordo com o Opportunity, a ação é uma "lamentável repetição dos mesmos episódios tristemente narrados na mídia nacional (...) quando departamentos jurídicos de empresas são devassados sem justificativa legal para tanto". O texto se refere à Operação Castelo de Areia, quando policiais federais vasculharam o departamento jurídico da construtora Camargo Corrêa em busca de indícios de envolvimento de diretores em esquema de financiamento ilegal de campanha política e envio de remessas ao exterior.
No comunicado, o Opportunity levanta suspeitas sobre a data das buscas da PF. De acordo com o banco, a ação foi deflagrada no dia do início do feriado prolongado na Justiça Federal, "com o evidente objetivo de dificultar a defesa", e "estranhamente" no mesmo dia que o delegado da PF Protógenes Queiroz presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos em Brasília. Protógenes coordenou a Operação Satiagraha no ano passado, que chegou a prender o banqueiro Daniel Dantas, sócio-fundador do Opportunity.
A instituição questiona a justificativa da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo para autorizar a nova devassa no Opportunity. Segundo o comunicado, assinado pelo advogado Andrei Zenkner Schmidt, as buscas estão embasadas no estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que permitiria a violabilidade de escritórios de advogados quando os clientes investigados são suspeitos de envolvimento com crimes. "O Estatuto da OAB, na verdade, não traz essa permissão", afirma o banco.
Ainda segundo a nota, os documentos procurados já haviam sido pedidos pela PF. "Na ocasião, a defesa recusou-se a entregá-los porque já estavam à disposição da Polícia Federal, desde a busca e apreensão ocorrida em julho do ano passado", consta no texto. "A razão para a Polícia Federal buscar, pela segunda vez, documentos que já tinha em seu poder é evidente: ciente de que a Operação Satiagraha é nula em sua origem, tenta-se novamente acessar documentos para conferir nova aparência a uma prova antiga, já viciada.