O novo sistema de prestação de contas do uso da verba indenizatória pelos deputados --que exige a divulgação das notas fiscais dos serviços contratados-- intimidou parte dos parlamentares. De acordo com levantamento, apenas 81 deputados pediram reembolso desde o dia 1° de abril --quando entrou em vigor a norma. Até agora, a Câmara vai ter que ressarcir R$ 166 mil. A maior parte dos gastos com o benefício mensal, que é de R$ 15 mil para cada um dos 513 deputados, envolve a chamada divulgação do mandato parlamentar. Com esse tipo de despesa, os deputados gastaram R$ 47,8 mil para pagar a divulgação das atividades parlamentar. Pelo regimento interno, fazem parte da exposição do mandato gastos com publicações em jornais e elaboração de folhetos que destaquem a atuação do deputado. As notas, no entanto, não especificam os serviços prestados. Gastos de combustíveis.
Pelos dados disponibilizados no site da Câmara, os parlamentares que solicitaram o reembolso gastaram R$ 37,4 mil em combustível, R$ 2.100 em alimentação e R$ 37,5 mil em consultoria. De acordo com as atuais normas para a utilização da verba, os deputados tem o prazo de seis meses para pedir o ressarcimento com os gastos da verba.
Os pedidos de reembolso apresentados até esta segunda-feira mostram que o deputado Marcelo Serafim (PSB-AM) foi quem mais gastou. Usou R$ 12 mil com a empresa Cleiton Táxi Aéreo Ltda e R$ 91 em uma churrascaria. Na sequência, aparece o deputado Nelson Bornier (PMDB-RJ), que entregou uma única nota para justificar o gasto de R$ 11 mil com a Cyclone R Gráfica e Editora Ltda. O deputado afirma que as despesas foram para divulgar o mandato. Os deputados João Tenório (DEM-TO) e Severiano Alves (PDT-BA) também fazem parte do grupo dos maiores gastadores. Os dois parlamentares utilizaram R$ 10 mil para mostrar suas atividades no Congresso. No outro extremo, os deputados que menos gastaram foram Antonio Carlos Chamariz (PTB-AL) e Beto Mansur (PP-SP), que cobram da Câmara R$ 10 por gastos com locomoção, hospedagem e alimentação. Restrições.
A Mesa Diretora da Câmara retoma as discussões sobre as restrições para o uso da verba nesta terça-feira. O comando da Casa deve flexibilizar algumas proibições que foram estabelecidas na reunião da semana passada. Os integrantes devem liberar gastos com alimentação nos Estados de origem dos deputados e permitir contratação de pesquisas que envolvam questões sociais e que não sejam oferecidas pela Consultoria da Câmara. A ideia inicial do comando da Câmara era proibir gastos com consultoria e alimentação.