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PF quer usar documentos sigilosos da Castelo de Areia em sua defesa no Senado

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A Polícia Federal pediu à Justiça de São Paulo autorização para usar informações sobre a Operação Castelo de Areia na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em que estarão depondo o diretor-geral da corporação, Luiz Fernando Corrêa, e o ministro da Justiça, Tarso Genro. A medida foi tomada na semana passada e tem como meta tentar esclarecer que a investigação, feita desde o ano passado, não tinha a intenção de investigar doações de campanha feita pela Construtora Camargo Corrêa. A operação foi desencadeada em 25 de março e prendeu 10 pessoas, inclusive diretores da empresa. A tarefa mais difícil para Corrêa e Genro será explicar os motivos pelos quais não foram incluídos no relatório da investigação que um diretório regional do PT recebeu uma doação de R$ 25 mil. No dia seguinte à operação, desencadeada para apurar crimes financeiros e lavagem de dinheiro, um outro relatório apontava uma lista de partidos que recebram dinheiro da construtora. A relação comprovava que as remessas foram feitas de forma legal e não havia indícios de caixa dois, apesar de o delegado que preside o inquérito não ter se referido à sigla do governo em documentos preliminares encaminhados ao juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis. Ao pedir autorização à Justiça Federal para revelar dados do inquérito da Operação Castelo de Areia, a PF não quer apenas evitar que a defesa dos envolvidos tente desqualificar as investigações, alegando vazamento de informações, mas tentar provar que a omissão da doação do PT não foi deliberada. Corrêa e Genro devem levar em mãos relatórios que comprovam que a divulgação dos demais partidos não partiu do delegado que comandou a ação policial, José Alberto Iegas, mas do juiz De Sanctis, a quem o próprio diretor da Polícia Federal já havia acusado na semana passada. O magistrado está em viagem aos Estados Unidos. A convocação de Corrêa e Genro foi um acordo feito pela base governista para evitar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as doações de campanha e os vazamentos de partidos da oposição que teriam recebido os recursos. Neste momento, é tudo que o Palácio do Planalto não quer, até porque ainda enfrenta desgastes desnecessários com a CPI das Escutas Clandestinas, que a cada novo episódio envolvendo grampos, retoma seus trabalhos. A proposta de falar sobre a Operação Castelo de Areia partiu do próprio ministro da Justiça. Para adiantar os trabalhos de investigação, a Polícia Federal vai enviar mais delegados, agentes e peritos para São Paulo. A intenção é forma uma espécie de força tarefa para analisar todo o material colhido durante as buscas e apreensões, realizadas no último dia 25. A PF também vai rever informações do inquérito da Operação Kaspar, realizada no ano passado para apurar remessas de dinheiro para o exterior, para tentar encontrar novos indícios que possam auxiliar na continuação da Operação Castelo de Areia. Esforço para comprovar caixa dois A Polícia Federal vai centralizar as investigações nos documentos apreendidos no dia da operação. Alguns deles mostram mais evidências sobre as doações, até maiores que um e-mail interceptado durante as investigações, servidores da construtora detalham quantias e beneficiários. A mensagem eletrônica, que acabou se tornando o principal foco das discórdias entre a base aliada e a oposição no Congresso, relacionava diversos partidos, inclusive o PT, mas isso não estava incluído no relatório parcial de investigação. A Operação Castelo de Areia, realizada em 25 de março pela Polícia Federal, tinha objetivo prender 10 pessoas, entre funcionários da Construtora Camargo Corrêa e doleiros, que estavam sendo investigadas por crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro nacional. Porém, como o decorrer da apuração foram encontrados documentos relacionados a doações para campanhas políticas. Apesar de a PF ter visto apenas indícios de que os recursos eram de caixa dois, até agora nada está comprovado. Mas o episódio causou um grande problema político para o governo. Um relatório da investigação mostrou vários partidos como beneficiários da verba. O PT só apareceu posteriormente, mas não estava relacionado entre os demais. A PF atribuiu o vazamento do relatório em que o PT não estava relacionado ao juiz da 6ª Vara Criminal federal, Fausto De Sanctis, que tornou sua decisão pública. O partido do governo aparece em e-mail em que um funcionário da Camargo Corrêa avisa um colega de que faltavam recibos das doações. Ele cita o PSDB por três meses (por não ter enviado comprovantes de doações anteriores e por receber recursos pelo diretório nacional e de São José dos Campos), PT, PTB e DEM. O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, vai afirmar aos senadores da CCJ, com quem estará na quarta-feira, que não houve dolo do delegado que investigou o caso. Para ele, o caso foi conduzido com habilidade e a apuração não tem chances de ser colocada em cheque pela oposição. Discurso semelhante ao do ministro da Justiça, Tarso Genro, que acompanhará Corrêa durante a sessão da comissão. Nos últimos dias, os dois fizeram várias declarações afirmando que a Operação Castelo de Areia teve como objetivo apenas esclarecer os crimes financeiros. Mas investigadores que atuam no caso acreditam que os documentos apreendidos podem resultar em novas frentes que gerariam em um inquérito exclusivo para tratar de doações de campanha.