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Agripino entrega prestação de contas para negar doações irregulares da Camargo Corrêa

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O líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), entregou nesta sexta-feira ao TRE-RN (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio Grande do Norte a prestação de contas do diretório regional do partido com os gastos das eleições municipais de 2008. O parlamentar é apontado como suposto beneficiário de recursos ilegais da Camargo Corrêa, identificados na Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. Agripino nega as irregularidades. O documento teria que ser apresentado à Justiça Eleitoral até o próximo dia 30, mas diante das acusações, o senador antecipou a entrega. Na documentação, o DEM do Rio Grande do Norte afirma que recebeu em 2008 R$ 3,2 milhões sendo R$ 500 mil do Diretório Nacional do partido e R$ 2,7 milhões de 17 empresas. A doação de R$ 300 mil da Camargo Corrêa, que aparece na operação da Polícia Federal, é a segunda maior, ficando atrás dos R$ 450 mil repassados pela Primo Schincariol. Agripino afirma que a Polícia Federal errou durante as investigações. "Se a inteção da Polícia Federal era investigar, deveria ter seguido este caminho aqui, examinando essas contas. Com este simples ato, veria que não tem nada irregular", disse o líder. A Corregedoria do Senado investiga a suposta doação irregular da construtora Camargo Corrêa para Agripino e para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Ribeiro, que nega qualquer ilegalidade teria recebido R$ 200 mil. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), conversou informalmente com o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, e com a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn, que acompanham o caso, para saber do envolvimento dos políticos nas denúncias. O juiz disse a Tuma que surgiram nomes de partidos políticos e parlamentares nas escutas telefônicas autorizadas judicialmente na investigação sobre crimes de evasão de divisas, faturamento de obras públicas e lavagem de dinheiro. Em tese, os crimes foram supostamente praticados por diretores da empreiteira. A expectativa é de que na segunda-feira Tuma tenha acesso a cópia do relatório da PF para ajudar em sua investigação. "O objetivo da nossa investigação é descobrir se os senadores cometeram ou não alguma irregularidade. Não vamos investigar partidos nem qualquer outra parte envolvida na operação", afirmou. O corregedor acredita que nas próximas semanas terá condições de afirmar se Ribeiro e Agripino participam do suposto esquema de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos para o exterior que teria sido montando por funcionários de alto escalão da Camargo Corrêa e doleiros cariocas.