O ex-deputado federal Sérgio Naya (PP-MG) morreu de infarto, segundo laudo médico de Ilhéus (BA). A informação foi confirmada nesta sexta-feira (3/04) pelo advogado de Naya, Wilson Campos de Miranda Filho.
Segundo a advogado, com o resultado do laudo foi descartada a hipótese de assassinato. Naya foi encontrado morto no dia 20 de fevereiro, deitado em uma cama do hotel Jardim Atlântico, em Ilhéus, onde ele estava hospedado.
O hotel informou na ocasião que o motorista que acompanhava Naya sentiu sua falta no café da manhã e depois no almoço e procurou a gerência do estabelecimento, que foi até o quarto onde ele estava. O corpo do ex-deputado foi enterrado em Laranjal (MG), cidade onde nasceu.
Palace 2
Naya ficou conhecido com o desabamento do edifício Palace 2, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), no dia 22 de fevereiro de 1998. O desabamento matou oito pessoas e deixou 150 famílias desabrigadas. O ex-deputado era o dono da Sersan, empresa que construiu o edifício. No início, Naya tentou culpar os moradores por uma eventual sobrecarga que teria causado o desabamento.
Mas o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) apontou "erro grosseiro no dimensionamento" de pilares e afirmou que Naya era o responsável pela obra. Um parecer técnico da Justiça do Rio também apontou, na época, erros básicos na execução do prédio, como a presença de umidade e pedaços de mármore soltos na estrutura, pilares com estufamento e corrosão, revestimentos com placas soltas e infiltrações.
Cassado
Nos dois meses seguintes, o empresário teve o mandato de deputado federal cassado e suas contas bancárias bloqueadas pela Justiça. Acabou, contudo, absolvido em processo judicial que o apontava como réu do crime de responsabilidade pelo desabamento do Palace 2. Absolvido em primeira instância e julgado novamente depois de recurso do Ministério Público, Naya chegou a ser condenado a dois anos e oito meses de prisão em regime semiaberto, revertida em prestação de serviços comunitários e pagamento de multa. O acórdão, contudo, foi anulado em 2001.
Em 1999, o empresário chegou a ficar 26 dias na Polinter, no Rio, após ser preso em Brasília, acusado de ser o responsável pelo desabamento do Palace 2. A defesa de Naya baseou-se na argumentação de que ele não era responsável pelo planejamento e execução do prédio. Em 2004, voltou a ser preso em Porto Alegre, quando tentava fugir para Montevidéu, e ficou detido por mais quatro meses. O ex-deputado foi condenado a pagar indenizações que variavam entre R$ 200 mil e R$ 1,5 milhão a cerca de 120 famílias do Palace 2. Alegou, contudo, não ter dinheiro, e seus bens começaram a ser leiloados, em um processo que se desenrola até hoje. Naya afirmou em fevereiro de 2008 que o desabamento foi uma fatalidade e disse que a associação das vítimas criou uma "indústria de danos morais".