Parlamentares da base aliada governista e da oposição saíram em defesa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo informa que Tasso usou a verba de passagem aérea para fretar jatinhos entre 2005 e 2007.
O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), disse que Tasso "paga para ser parlamentar". Ao sair em defesa do tucano, Guerra afirmou que Tasso "ganharia muito mais (dinheiro) se estivesse na iniciativa privada", pois o salário de senador "não é relevante" para o parlamentar.
Segundo o presidente do PSDB, Tasso gasta recursos pessoais para exercer um "bom mandato" no Senado. "O senador Tasso é uma pessoa política com mandato que faz a política dele com recursos dele. Para trabalhar, fazer um bom mandato, é preciso muito mais que a assessoria aqui (no Senado) oferecida. Ele trabalha com muita gente", disse Guerra.
Guerra disse que as denúncias sobre o fretamento de jatinhos pelo tucano têm como objetivo "trazer o foco da crise" para o Senado. Na opinião de Guerra, Tasso não cometeu nenhuma irregularidade ao utilizar a sua cota de passagens aéreas para pagar o fretamento de pequenas aeronaves.
"Faz mais de 30 anos que os fretes são feitos pelos senadores. Não é nenhuma novidade, não tem nenhuma gravidade. Não considero imoralidade. O senador Tasso tem o avião dele, que presta serviços ao nosso partido e a nós todos", disse.
Em nota oficial, a diretoria do Senado considerou legítima a utilização da cota de passagens para o fretamento de jatinhos por considerar "omissa" a resolução da Casa que regulamenta a verba. O ato da direção do Senado editado em 1988, referente à cota de passagens aéreas, não detalha como a verba deve ser aplicada - por esse motivo a direção do Senado não considera o episódio ilegal.
Apoio
Amigo pessoal do tucano, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), pediu que o senador José Sarney (PMDB-AP) apresente em 30 dias um "projeto moral" para reerguer a imagem da Casa Legislativa. Virgílio se referiu ao estudo, solicitado por Sarney à FGV (Fundação Getúlio Vargas), com mudanças administrativas na Casa.
O senador ameaçou recolher assinaturas para instalar Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar o Senado caso Sarney não apresente o "projeto moral" no prazo de um mês.
"O presidente tem o dever de liderar a remodelação desta Casa, sem diretor de copo d´água, diretor de engraxador de sapato", disse o tucano. Virgílio disse que o foco da CPI será a gestão do ex-diretor geral da Casa Agaciel Maia, afastado do cargo depois da Folha revelar que ele mora numa casa de alto valor não declarada em Brasília.