Jornal Correio Braziliense

Politica

PF monitorou supostos envolvidos no esquema sem resultado durante operação

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São Paulo ; Durante quase seis meses, a Polícia Federal desconfiou que o suposto doleiro Kurt Pickel trabalhasse também para a empreiteira OAS, prestando serviços ilegais, como crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. As suspeitas surgiram em abril do ano passado e foram definitivamente afastadas em setembro. Na rede de grampos montada pela PF também foi identificada uma suposta tentativa da família do ex-prefeito Jânio Quadros de encontrar dinheiro depositado na Suíça. Em abril, nas escutas feitas nas linhas de Pickel, a Polícia Federal identificou um telefone utilizado por Jailson, um suposto contato da OAS. O número foi grampeado, mas sem resultado. Após algumas semanas, a polícia percebeu que o aparelho estava com outra pessoa. Um informante da polícia dentro da OAS esclareceu que o nome do funcionário era, na verdade, Joilson Santos Góes. ;Acreditamos ter identificado a pessoa apontada pelo denunciante anônimo como sendo o responsável por articular o esquema de lavagem de dinheiro dentro da construtora OAS;, diz um relatório parcial da PF. Foram grampeados vários telefones de propriedade de Joilson Góes, mas todos estavam em nome de parentes do funcionário. A polícia pediu à Justiça, então, o monitoramento de um telefone celular que também pertencia a Góes. Em 28 de agosto, porém, a própria PF informa ao juiz Fausto De Sanctis que ;não há interesse na manutenção da interceptação do numeral (...) , pois durante o período de monitoramento Joilson não trouxe nenhuma suspeita na participação nas atividades ilícitas com operação de câmbio;. O monitoramento foi encerrado em 1º de setembro do ano passado. Suíça Logo no início das investigações, os agentes federais passaram a monitorar o telefone do advogado Marcos Vilarinho. O advogado comenta numa das ligações que Janinho vai ao seu escritório para tratar ;daquele negócio do avô dele;. O relatório da PF comenta: ;Janinho é provavelmente Jânio Quadros Neto e o assunto, os depósitos bancários que o ex-presidente da República e ex-prefeito de São Paulo teria no exterior;. Depois, Vilarinho contata Pickel para saber se esse tem novidades e chega a citar a Suíça. ;Conforme o relatório de 12-004/08, Vilarinho e Kurt estão trabalhando no sentido de localizar 20 milhões em moeda não identificada procurados por herdeiros do falecido político;, diz o relatório, no seu volume 2. No volume 6, o documento cita o contato de Pickel com o advogado suíço Patrice Le Houelleur: ;O advogado pergunta se há novidades sobre o repatriamento dos recursos de Jânio da Suíça. Pickel responde que não havia novidade e que, aparentemente, os interessados, Jânio Quadros Neto e Vilarinho, não mais demonstraram muito empenho nesse assunto;. O tema sumiu da investigação.