O deputado estadual afastado Cícero Ferro (PMN) deixou hoje à tarde a carceragem da superintendência da Polícia Federal em Alagoas, no bairro de Jaraguá, em Maceió, onde se encontrava preso desde sexta-feira, acusado de homicídio e formação de quadrilha. Da sede da PF, ele foi direto para a Assembleia Legislativa de Alagoas acompanhar a sessão plenária. Antes de se dirigir à Assembleia, concedeu entrevista e criticou o Judiciário alagoano.
"A decisão dos juízes da 17ª Vara criminal de mandar me prender foi uma afronta à Constituição. Esses juízes estão brincando de prender inocente, isso não se faz com um pai de família", afirmou Ferro, na porta da PF. Ele foi afastado do mandato de deputado, no início do ano passado, por decisão da Justiça alagoana, depois de indiciado pela PF na Operação Taturana, que investigou o desvio de R$ 300 das Assembleia Legislativa de Alagoas.
Dos 16 deputados indiciados na Operação Taturana, 12 foram afastados dos mandatos, incluindo o ex-presidente Antônio Albuquerque (sem partido). Desses, dois voltaram (Edival Gaia Filho, do PSDB, e Maurício Tavares, do PTB), beneficiados pela decisão do ministro Gilmar Mendes; oito continuam afastados e foram substituídos por suplentes; um teve o mandato cassado (Antônio Holanda Júnior, do PTdoB) e outro renunciou (Cícero Amélio, do PMN) para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
A exemplo dos demais deputados afastados, Ferro recorreu da decisão da Justiça e conseguiu do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), autorização da retornar ao cargo de deputado. No entanto, como o parlamentar e responde a outra ação, com liminar de afastamento concedida pelo juiz Gustavo Souza Lima, continua afastado. Outros sete deputados continuam afastados mas apenas Ferro tem participado das sessões plenárias.
O deputado afastado acompanhou a sessão, que teve como tema central do debate o avanço da violência e as deficiência da segurança pública em Alagoas. Antes de entrar no plenário, Ferro voltou a dizer que vai provar sua inocência. Ele é acusado de ser o autor intelectual do assassinato do vereador por Delmiro Gouveia, Fernando Aldo, morto a tiros em outubro de 2006, durante um carnaval fora de época realizado no município de Mata Grande, no sertão alagoano.