A Arquidiocese de Brasília vai definir um dia para que todas as igrejas católicas do DF se mobilizem para aumentar o número de assinaturas à campanha "Ficha Limpa", que está sendo realizada em todo o país para encaminhar, ao Congresso Nacional, projeto de lei de iniciativa popular com a finalidade de alterar a Lei das Inelegibilidades.
A informação foi prestada hoje pelo arcebispo metropolitano de Brasília, Dom João Braz de Aviz, durante a audiência pública proposta pelo deputado Chico Leite (PT) para debater a campanha. Dom João esclareceu que já foram coletadas 15 mil assinaturas, mas que é preciso intensificar o trabalho até alcançar 1,3 milhão de adesões.
A Igreja Católica tem sido uma das mais importantes parceiras do movimento que, segundo o deputado Chico Leite, vem unindo o esforço de diversas entidades para introduzir mudanças na legislação e impedir, por exemplo, que candidatos condenados em primeira instância, por fatos graves, possam disputar cargos eletivos.
O deputado esclareceu que a campanha é suprapartidária e que "o direito não pode contrariar a vida", adiantando que a Constituição Federal exige idoneidade de quem cuida de bens públicos. E que as restrições não se aplicam a qualquer tipo de condenações, mas àquelas decorrentes de fatos como racismo, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas.
O professor da Universidade de Brasília, Leonardo Barreto, mencionou a campanha como uma necessidade para contrapor-se à crise de credibilidade na política, pois que o grau de confiança nas instituições tem caído bastante. Citando recente pesquisa de opinião pública, o professor disse que apenas 6% dos entrevistados dizem confiar nos políticos, entre outros dados preocupantes.
Representando a OAB/DF, o advogado Juliano Costa Couto disse que a idéia é muito boa, mas que as cautelas do ofício exigem muito cuidado para afastar as conveniências e interesses que, porventura, possam restringir direitos e liberdades. Juliano observou que mudanças já podem ser sentidas, com a cassação de governadores.
Grande parte da platéia foi formada por alunos do Centro Educacional 2 do Setor P Norte de Ceilândia, alguns com o rosto pintado em manifestação de apoio à campanha.