O ex -funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Jairo Martins de Souza negou nesta quarta-feira (25/03), em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, qualquer envolvimento com o grampo telefônico que flagrou conversa do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, no ano passado.
Apontado por membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) como suspeito de participação no grampo, Martins disse que não tem qualquer relação com o episódio - nem com o vazamento à imprensa de trechos da conversa. O nome de Martins veio à tona porque, em 2005, foi responsável por gravar a fita que mostrou o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho recebendo propina - fato que deu origem à CPI dos Correios e às investigações do mensalão.
"Depois do que ocorreu na minha vida, eu não seria doido de me envolver em outra situação qualquer", disse Martins. O ex-agente da Abin, que é policial militar no Distrito Federal, admitiu que mantém contatos frequentes com integrantes da agência de inteligência para repassar informações "relevantes" ao país - postura também adotada por ele com jornalistas, profissão na qual é graduado.
Por esse motivo e pelo seu histórico na CPI dos Correios, Martins disse acreditar que tenha sido um "bode expiatório" ao ser apontado por integrantes da Abin como responsável por vazar à imprensa trechos do grampo. "O mundo estava desabando na cabeça deles (Abin). Alguém tem que pagar o pato. Por que não uma pessoa que tem um histórico como todo mundo coloca, que já foi fonte de uma matéria do mesmo jornalista )que vazou o grampo)? . Eu acho isso", disse.
Martins foi um dos alvos da investigação do GSI sobre o grampo que flagrou a conversa entre Demóstenes e Mendes.
O ex-agente da Abin confirmou manter amizade pessoal com o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, apontado como responsável por indicar o ex-agente do Serviço Nacional de Informação (SNI) Francisco Ambrósio para as investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Ambrósio admitiu, em depoimento à CPI, que ouviu duas gravações realizadas no âmbito da Satiagraha.
Martins disse, porém, que não teve nenhuma participação na Satiagraha nem em grampos telefônicos realizados nos últimos anos.