O presidente nacional do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ) disse hoje que o partido é "impessoal" e não deve interferir no processo de definição da escolha do candidato do PSDB à Presidência da República. Um dia depois de o ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen, manifestar preferência pela candidatura de José Serra à Presidência, Maia se reuniu com o governador de Minas, Aécio Neves, no Palácio da Liberdade. Embora tenha afirmado que não havia lido a entrevista de Bornhausen ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual o ex-senador diz que respeita Aécio, mas que "há uma candidatura natural e sua tradução é José Serra", Maia salientou que se tratava de uma opinião pessoal.
"Não vou ficar aqui analisando a entrevista dele, foi ele que me fez presidente do partido. Ele diz uma coisa que já vem dizendo há muitos meses. Não é novidade ele apoiar o governador Serra. E é um direito, é democrático", disse o deputado, lembrando que no início chegou a acreditar que Serra seria o candidato e Aécio não pleitearia a indicação do PSDB.
Aécio, que durante a semana cobrou a isenção dos partidos aliados no processo de escolha do presidenciável tucano, não quis comentar a declaração de Bornhausen. "Respeito muito o senador Bornhausen e eu não trato de questões internas de outro partido".
Após o encontro com o governador, do qual participaram deputados da bancada federal do diretório mineiro do DEM, Maia demonstrou certa irritação com os questionamentos da imprensa.
"Não cabe interferência de um partido em outro partido. As alianças não são pessoais, as alianças são partidárias", reiterou. "O partido é impessoal, o partido não deve ter emoção, porque o partido representa várias correntes. É claro que se eu for a São Paulo, a preferência do nosso diretório regional de São Paulo é pelo governador José Serra. Como se você perguntar para os deputados de Minas Gerais, a preferência é pelo governador Aécio Neves".
'Máquina'
O presidente do DEM disse que esteve em Belo Horizonte para começar a construir os palanques estaduais do partido. "Ninguém vai ganhar uma eleição nacional contra o PT, contra a máquina utilizada pelo PT em todo o Ministério, em todas as estatais", disse, salientando que se trata de "uma eleição dificílima" e cabe aos partidos de oposição a antecipação da montagem dos palanques estaduais.
"É uma máquina poderosa, sem limites. A corrupção está solta no Brasil, o Congresso está destruído pela forma como o presidente Lula faz política e nós teremos que ter muita tranquilidade, agregar o maior número possível de aliados e, principalmente, unidade entre nossos partidos".