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Tarso diz que falhas de Protógenes na satiagraha não vão beneficiar Daniel Dantas

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O ministro Tarso Genro (Justiça) disse nesta quinta-feira que não ficou surpreso com o indiciamento do delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha. Segundo ele, a Polícia Federal havia encontrado indícios de irregularidades na condução das investigações pelo delegado. "Ao que tudo indica, só a Justiça vai dizer. Os procedimentos que estavam sendo feito antes podem até ter prejudicado as investigações relacionadas ao grupo Opportunity", afirmou. Tarso disse acreditar, porém, que eventuais falhas praticadas por Protógenes não vão beneficiar os investigados, entre eles o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity --uma vez que o delegado Ricardo Saadi passou a comandar as investigações após o afastamento de Protógenes. "Não há possibilidade [de beneficiar indiciados]. O trabalho do delegado Saadi é técnico, de alto nível, com apoio de todo o corpo da Polícia Federal. Essas provas é que serão remetidas ao Ministério Público e alguma coisa colhida anteriormente que não foram contaminadas", afirmou. Segundo o ministro, a PF e o Ministério da Justiça foram responsáveis por retirar Protógenes do comando da Satiagraha ao perceberem irregularidades cometidas pelo delegado. "Nós é que determinamos essa investigação. Quando o delegado Protógenes foi deslocado da Satiagraha e foi encarregado o delegado Saadi de fazer um inquérito mais técnico, mais profundo, e na nossa opinião mais rigorosamente dentro da lei, passaram informações suspeitas de que estaríamos esvaziando o inquérito. E isso não houve, o inquérito está sendo feito de maneira rigorosa", afirmou. Tarso disse que o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa, é quem vai definir se Protógenes terá restrições em suas atividades dentro da polícia após ser indiciado. "Se vai mudar ou não essa liberalidade do diretor-geral em relação ao delegado, vai ser resolvida agora com o indiciamento e a abertura, se o diretor determinar, de inquérito disciplinar." Correa, por sua vez, evitou comentar nesta quinta-feira o indiciamento de Protógenes. Depois de participar de cerimônia na sede da PF, o diretor afirmou que a instituição tratou "tecnicamente" do indiciamento do delegado. "Não é questão de trazer alívio ou não [o indiciamento], nós tratamos tecnicamente. Não se comemora quando se prende alguém, quando nós prendemos criminosos. Não é motivo de comemoração, estamos cumprindo o nosso dever. Um inquérito ou apuratório da Corregedoria tem um papel, cumpriu-se o papel. É isso que nós trabalhamos", afirmou. Correa disse que a PF só vai se manifestar sobre a Satiagraha ao final das investigações. *Sigilo. Sobre a decisão da Justiça Federal de suspender o segredo de Justiça do inquérito da Operação Satiagraha, Tarso disse que isso pode trazer prejuízos às investigações. "Esta decisão de permitir o acesso livre às partes pode ter determinados efeitos. Ninguém poderá impedir que um advogado lance dados do inquérito como informações públicas para defender seu cliente e prejudicar outra pessoa. Mas aí é questão que foge ao nosso controle", afirmou. Correa, por sua vez, disse que a PF poderá ajudar no trabalho da CPI das Escutas Clandestinas da Câmara diante do fim da quebra do sigilo do inquérito. "Tudo o que estamos fazendo, na medida em que não tem o sigilo judicial, a CPI vai acompanhar. A CPI é que determina os movimentos, quem vai ser chamado e que diligências vai fazer. Se precisar do apoio da PF, requisitará", afirmou. O diretor da PF disse que a instituição trabalha com "regras", por isso cumpre o sigilo quando ele é imposto judicialmente.