O presidente do Senado, José Sarney, anunciou nesta quarta-feira que vai reduzir pela metade o número de diretores da Casa, que hoje chegam a 136 --são quase dois diretores para cada um dos 81 senadores. Ficariam 68 diretorias. Alguns diretores do Senado chegam a receber salários de R$ 18 mil, além de gratificações de R$ 2.000 pelos cargos de chefia. Em reunião realizada hoje, a Mesa Diretora do Senado decidiu hoje limitar o número de servidores da Casa que vão receber horas extras. A medida ocorre após reportagem revelar que cerca de 3.000 funcionários receberam extras em janeiro, mês de recesso parlamentar.
O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), disse que o afastamento dos diretores não ocorrerá imediatamente. Ele disse que a expectativa é que as mudanças ocorram "o mais rápido possível", mas admitiu que não há prazo para afastamento dos diretores, que tiveram de colocar seus cargos à disposição.
Segundo ele, os diretores vão permanecer nas suas funções até que a instituição analise a atuação individual de cada um.
"Estamos tentando definir qual a função de cada diretor, uma vez que alguns estão no cargo em virtude da função gratificada, mas não exercem qualquer função de direção", afirmou o democrata.
Durante reunião da Mesa Diretora do Senado, os parlamentares decidiram aguardar o levantamento que será realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) sobre problemas estruturais no Senado antes de exonerar oficialmente todos os diretores.
A expectativa é que pelo menos a metade dos 136 diretores deixem suas funções, mas o comando do Senado pretende manter aqueles que respondam aos interesses da instituição.
Horas extras
Com a restrição das horas extras, cada gabinete ou setor deverá permitir que, no máximo, seis funcionários trabalhem depois do expediente normal.
Heráclito explicou que a ideia da Mesa é criar uma espécie de "rodízio" entre os servidores para evitar que muitos trabalhem além do horário normal de expediente --o que encarece os gastos da Casa.