O Senado suspendeu nesta quarta-feira suas atividades em luto à morte do deputado Clodovil Hernandez (PR-SP). A Câmara já havia determinado a suspensão das atividades após a confirmação da morte, nesta terça-feira. Os senadores também decidiram interromper os trabalhos seguindo a tradição da Casa após a morte de um parlamentar no exercício do mandato.
Antes de interromper a sessão, senadores prestaram homenagens ao deputado --morto em consequência de uma parada cardíaca provocada por um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico.
"Eu gostaria de manifestar minha solidariedade aos cerca de 500 mil eleitores que trouxeram para o Congresso o deputado Clodovil, que em pouco mais de dois anos apresentou mais de 50 projetos relevantes. Foi grande estilista, apresentador de TV, e era pessoa de notável inteligência. Foi pessoa notável, polêmica, verdadeira, determinada, que tinha aqui no Senado um grande relacionamento", disse o senador Marconi Perillo (PSDB-GO).
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse que Clodovil deixa um "raio de luz" na vida nacional porque enfrentou desde a infância uma série de preconceitos pelos caminhos que escolheu seguir.
"Sempre foi discriminado, seja pela sua infância pobre, um menino adotado. Ele, que tanta discriminação sofreu, no momento do seu passamento deixa um ato contra aqueles que como ele adotados sofriam porque na hora de se apresentar, tinha um sobrenome diferente daquele pai ou daquela mãe afetivos", afirmou.
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira projeto da autoria de Clodovil que permite aos enteados adotarem os sobrenomes do pai e da mãe adotivos. O projeto não retira o nome da família biológica, mas permite que o filho adotivo também tenha direito a utilizar o nome da nova família.
Deputados
A exemplo do Senado, a Câmara também realizou hoje sessão em homenagem ao parlamentar antes de encerrar os seus trabalhos. Em comum, os deputados lembraram com carinho do colega, especialmente de sua postura polêmica em relação a temas discutidos no Legislativo.
"Ele tinha um jeito irônico, ferino, extremamente inteligente, causava tumulto muitas vezes, mas era uma pessoa muito sincera nas suas convicções, na sua franqueza. Isso é uma virtude que deve ser exaltada", disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).