A defesa do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz disse hoje que ele vai comprovar a legalidade de sua conduta durante a Operação Satiagraha, que investiga supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Protógenes foi indiciado ontem pela PF pelos crimes de violação da lei de interceptação e quebra de sigilo funcional. Protógenes é alvo de um inquérito da PF que apura eventuais irregularidades na condução da primeira fase da Operação Satiagraha. Ele foi indiciado após depor ontem, por cerca de duas horas, para o corregedor da PF Amaro Ferreira, responsável pelo inquérito.
"Toda a operação transcorreu dentro dos limites legais. Isso vai ser comprovado no momento oportuno", disse o advogado Luiz Gallo, que defende Protógenes.
Daniel Dantas
Protógenes ficou conhecido nacionalmente durante a Operação Satiagraha, que prendeu no ano passado o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Todos foram soltos depois. Apesar da projeção nacional, Protógenes foi afastado da investigação e acabou virando alvo de um inquérito da PF. Entre os problemas da investigação estaria a utilização irregular de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na operação.
Também há suspeita de Protógenes ter espionado, ilegalmente, autoridades dos três Poderes. Reportagem da revista "Veja" informa que Protógenes usou métodos ilegais para investigar os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), o ex-ministro José Dirceu, o governador José Serra (São Paulo), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Fábio Luiz da Silva, entre outras personalidades.
Protógenes negou a espionagem e chamou a reportagem de mentirosa. "Os dados cobertos pelo sigilo coletados com autorização judicial e de conhecimento do Ministério Público Federal, em nenhum momento incluiu ou revelou a participação da ministra Dilma Rousseff, do ex-ministro José Dirceu, do chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), do deputado ACM Jr (DEM-BA), do ministro Roberto Mangabeira Unger na investigação da Satiagraha", disse ele sem seu blog.