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Parlamentares cobram demissão de parentes de diretores do Senado

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Brasília - Parlamentares da base aliada do governo e da oposição vão cobrar do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a exoneração de familiares de diretores da Casa empregados em empresas que prestam serviço ao Legislativo. Reportagem do jornal "O Globo" revela que 90% dos funcionários terceirizados têm vínculos com servidores da Casa --o que irritou senadores preocupados com onda de denúncias contra a instituição. "Isso é um absurdo. O Senado não tem que encontrar maneiras de escamotear o nepotismo. O presidente Sarney precisa tomar essa medida urgente", disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Assim como Demóstenes, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse esperar a abertura de sindicância para investigar a contratação dos parentes de servidores. O parlamentar espera que Sarney reveja as nomeações dos servidores terceirizados que têm vínculo com funcionários do Senado --especialmente os ligados a diretores da Casa. "Algumas pessoas acham que o Senado é propriedade privada deles, acham que uma instituição tão importante com o Senado está à disposição de meia dúzia e suas famílias. O fato requer uma ação forte e transparente do presidente Sarney", afirmou Casagrande. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), defendeu apuração rigorosa das denúncias de nepotismo nas empresas terceirizadas. "Denúncia tem que ser apurada, agora não se pode tomar nenhuma providência sem a constatação de fatos concretos. É um fato lamentável, se estiver acontecendo é deplorável, merece punição à altura, mas não se pode punir sem investigar", afirmou. Pressão. A pressão dos senadores sobre Sarney ganhou força depois da onda de denúncias que atingiu o Senado desde que o peemedebista assumiu a presidência da Casa. Além da contratação de familiares de servidores em empresas terceirizadas, reportagem da *Folha* mostrou que mais de 3.000 funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. Além disso, há duas semanas, Agaciel Maia, então diretor-geral do Senado, deixou o cargo após a *Folha* revelar que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões. Na semana passada, o diretor de Recursos Humanos do Senado, José Carlos Zoghbi, pediu exoneração depois de ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso. "O Senado é a bola da vez, e até mesmo por ser a bola da vez precisamos buscar um novo modelo de gestão. Isso exige um balanço geral em termos de administração. Poderia se contratar uma auditoria externa para fazer um diagnóstico da Casa", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Para Casagrande, as denúncias contra o Senado reforçam a necessidade de aplicação de medidas drásticas para mudar a imagem da Casa. "Essas notícias que estão surgindo todas são muito ruins, dá a ele [Sarney] a possibilidade de tomar medidas duras e mudar a situação no Senado", afirmou o senador.