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Cotado à Direção-geral do Senado é suspeito de transferir para os flhos uso de imóvel funcional

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O diretor de Recursos Humanos do Senado, João Carlos Zoghbi, é suspeito de repassar aos filhos um apartamento funcional de 180 metros quadrados na Asa Norte. Cotado para ser o novo diretor-geral da Casa e responsável pela folha de pagamento de R$ 2 bilhões anuais, Zoghbi recebeu o aval para morar no imóvel público em 1999, mas teria entregue as chaves aos filhos, enquanto permaneceu vivendo numa luxuosa casa de 776 metros quadrados adquirida em 1992 na QI 25 do Lago Sul, próxima à Ponte JK. Na noite de terça-feira, sem alarde, Zoghbi prestou esclarecimentos ao novo primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), sobre a ocupação do imóvel e a informação de que nunca viveu no local. Zoghbi afirmou ao senador que reside no apartamento e seu filho, o dentista Ricardo Araújo Zoghbi, 34 anos, é quem mora na casa do Lago Sul. As evidências, no entanto, contradizem o poderoso servidor, há 15 anos no comando do setor de pessoal do Senado e ligado ao ex-diretor-geral Agaciel Maia. Nas últimas 48 horas, a reportagem esteve por quatro vezes no Bloco D da 112 Norte, onde fica o apartamento disponibilizado para Zoghbi morar, cujo um aluguel, segundo corretores, vale R$ 2,1 mil, sendo que o servidor paga apenas uma taxa de R$ 388. Moradores e funcionários do prédio repetiram a mesma versão: quem reside no imóvel desde janeiro é seu filho recém-casado, Marcelo Araújo. Uma reforma no apartamento, que tem quatro quartos, teria sido realizada em dezembro. Antes do casal, segundo moradores, residia Carla Santana de Oliveira, ex-mulher do outro filho de Zoghbi, Ricardo. ;Antes era o Ricardo (que morava), ele separou, aí morou a Carla e agora é o Marcelo;, disse um morador, que pediu para não ser identificado. Ontem, a informação passada foi a de que Marcelo estava viajando e que o pai aparecia de vez em quando para buscar correspondências endereçadas ao filho. Cartório Em sua defesa, Zoghbi argumenta que a casa no Lago Sul pertence a Ricardo. Mas informações obtidas pelo Correio reforçam os indícios de que o servidor é o responsável pela propriedade e mora nela. O registro no cartório do 1º Ofício de Imóveis do DF revela que a casa foi adquirida em 1992 em nome de Ricardo, na época um estudante e menor de idade, segundo o documento. ;Assistido por seu pai, João Carlos Zoghbi;, descreve o registro. Em 2004, o diretor declarou à Justiça do Distrito Federal viver na casa do Lago Sul, cinco anos depois de receber o aval do Senado para morar num apartamento funcional. Foi na manhã de 22 de outubro daquele ano, quando a oficial de Justiça Ana Paula Araújo Vasconcelos o procurou na residência na QI 25 para citá-lo num processo da 7ª Vara da Fazenda Pública sobre cobrança de IPVA e multas atrasados, num total de R$ 313,69. Localizado no imóvel, Zoghbi informou à oficial de Justiça que naquele momento morava na casa. Outro indício de que o diretor é morador do Lago Sul vem do seu título de eleitor. Zoghbi vota numa seção da QI 7. Na tarde de terça-feira, a reportagem esteve na residência da QI 25 e uma funcionária confirmou que o patrão era João Carlos Zoghbi e que ele só chegaria do Senado à noite. Respostas por e-mail João Carlos Zoghbi recebeu a reportagem em seu gabinete na última terça-feira. O servidor informou que falaria sobre o apartamento funcional somente por escrito. As perguntas deveriam ser enviadas à Secretaria de Comunicação Social. O Correio o indagou sobre quem reside no imóvel disponibilizado pelo Senado e a quem pertence a propriedade na QI 25 do Lago Sul. A Secretaria de Comunicação enviou a seguinte resposta: ;O apartamento está passando por reforma de instalações (em fase final), sendo ocupado regularmente por João Carlos Zoghbi;. Segundo o órgão de relação com a imprensa, Zoghbi não é o proprietário do imóvel no Lago Sul. O diretor vai receber nos próximos dias um questionário do primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). O senador quer ter, por escrito, as respostas sobre a ocupação do imóvel da Casa. Além de Zoghbi, os moradores de mais 11 apartamentos funcionais não destinados a senadores terão que passar pelo mesmo crivo. O Correio revelou na semana passada que boa parte desses apartamentos foi entregue a aliados do ex-diretor-geral Agaciel Maia.