São Paulo - Parlamentares que apoiam a permanência do ex-ativista Cesare Battisti no Brasil se reúnem nesta terça-feira (10/03), às 14h30, com o ministro da Justiça, Tarso Genro, para pedir apoio ao italiano.
A ação, coordenada pelo Comitê pela Libertação de Cesare Battisti, tem como objetivo influenciar o STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento que definirá a permanência ou a extradição do italiano. Na última quinta-feira, integrantes das comissões de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e do Senado se reuniram para reiterar o apoio ao italiano. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos participantes da reunião, argumentou que o próprio Judiciário italiano reconhece que os crimes que pesam contra Battisti são políticos e lembrou que a Itália estava sob um "regime de exceção", durante o qual o próprio governo teria desrespeitado a legislação vigente.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), no entanto, considera "difícil" convencer os ministros do STF, porque o tribunal estaria sob um "viés mais conservador" e pelo fato de a extradição de Battisti não ser um assunto de impacto popular. Condenado na Itália por quatro homicídios e preso no Brasil desde 2007, Battisti conseguiu o status de refugiado político no Brasil por decisão do ministro --o que desencadeou uma grave crise diplomática entre Brasil e Itália.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Itália, a decisão surgiu depois que a Procuradoria Geral da República recomendou ao STF o arquivamento do pedido de extradição de Battisti.
O governo italiano recorreu ao STF contra a decisão de Tarso, mas o tribunal ainda não se manifestou sobre o mérito do pedido de extradição. O tema deve entrar na pauta do STF no final de março.
Em carta escrita no início do mês, Battisti pede aos cidadãos de seu país que perdoem os atos cometidos por ele durante o período em que aderiu à luta armada, se referindo à época em que integrou a organização PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), na década de 1970.
Do presídio de Papuda, em Brasília, onde está detido, Battisti reafirmou ser inocente dos homicídios ao afirmar que o processo que resultou em sua condenação na Itália é repleto de vícios que poderão comprovar sua inocência.
O militante reconhece que integrou a luta armada na década de 70 por razões políticas, mas nega que tenha atirado em qualquer pessoa nesse período. Ao fazer um histórico da sua vida na carta encaminhada aos ministros do STF, Battisti afirma que desde a sua infância tem fobia a crimes e sangue.