O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), classificou nesta quarta-feira de "aliança espúria" o acordo firmado entre os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) que assegurou a vitória do petebista para presidir a Comissão de Infraestrutura da Casa. Aliado da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que perdeu o comando da comissão para Collor no voto, Mercadante disse que os acordos políticos firmados no Senado não podem colocar em risco o exercício democrático no Congresso.
"É uma aliança espúria entre o senador Renan Calheiros e o senador Fernando Collor que interferiu no direito legítimo, democrático, da bancada do PT que indicava a senadora Ideli", disse Mercadante.
O petista considerou a vitória de Collor "lamentável porque desrespeitou o princípio fundamental da democracia" no Senado. "O direito do PT foi desrespeitado", afirmou.
Collor rebateu o petista ao negar que tenha feito qualquer aliança "espúria" com Renan para garantir sua eleição. "Eu repilo. Espúria ele vá procurar saber onde vai achar. Relação espúria não, foi um acordo inteiramente aberto que todo mundo participou, todo mundo soube. O senador Aloizio Mercadante precisa medir um pouco suas palavras para respeitar seus companheiros aqui do Senado", disse Collor.
Na defesa do ex-presidente da República, Renan disse que o PMDB apenas cumpriu o compromisso firmado com o PTB durante a campanha do senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado. Apesar de afirmar que considera Ideli uma pessoa "muito correta", Renan disse que ela acabou vitima de decisões equivocadas tomada pelo PT.
"A Ideli é uma pessoa muito correta, pena que ela tivesse que pagar o preço desse equívoco político, dessa condução errada. Os partidos da base conflitaram interesse. Na eleição [para a presidência do Senado], os partidos honraram os compromissos", disse. *Acordo.
O acordo para garantir a escolha de Collor foi firmado por Renan depois que o PTB se comprometeu em eleger Sarney para a presidência do Senado --que disputou o cargo com o senador Tião Viana (PT-AC). Desde então, as relações entre PT e PMDB ficaram estremecidas na Casa.
O PT argumenta que, pela tradição da Casa, deveria ficar com a presidência da Comissão de Infraestrutura por ser a terceira maior bancada do Senado --onde os partidos têm como hábito ceder os comandos das comissões aos partidos que reúnem as maiores bancadas. Os maiores vão escolhendo as comissões que lhe interessam, cumprindo a regra da proporcionalidade Inicialmente, os petebistas cobravam a presidência da CRE (Comissão de Relações Exteriores), que será presidida pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Diante da possibilidade da oposição derrubar, no voto, a escolha de Collor para o cargo, o PTB mudou o foco e escolheu a Comissão de Infraestrutura --onde Renan conseguiu incluir senadores do seu grupo político. O líder do PMDB escalou aliados para a comissão de última hora, com o objetivo de garantir votos para Collor. O líder peemedebista substituiu os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) por aliados considerados mais "fiéis" ao peemedebista, como Wellington Salgado e Almeida Lima (PMDB-SE).