Hoje, exatos 30 dias depois do início da legislatura, as comissões do Senado devem começar a trabalhar. Depois de ser muito pressionado pelos líderes partidários, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), marcou para as 10h as reuniões para eleger os presidentes das comissões permanentes. Ontem à noite, apesar de todas as tentativas do governo e do próprio Sarney, persistia um impasse em torno do comando da Comissão de Infraestrutura. Pela ordem de proporcionalidade do tamanho das bancadas o cargo seria do PT, que indicou Ideli Salvatti (PT-SC). Mas o PTB também quer o posto e apresentou como candidato o alagoano Fernando Collor.
O governo quer evitar o conflito a qualquer custo. Uma disputa no voto entre PT e PTB provocaria instabilidade na bancada governista do Senado, já conhecida por sua fragilidade. ;Vamos tentar um acordo até o último momento;, diz o líder do PTB, Gim Argello (DF). Petistas e petebistas agendaram um café da manhã para hoje. No cardápio, uma oferta de última hora para adoçar a perspectiva de um acerto. As duas legendas receberam a promessa de que poderão escolher entre várias comissões, desde que abram mão da de Infraestrutura. Só não entram na escolha as comissões de Constituição e Justiça, de Assuntos Econômicos e de Relações Exteriores, já reservadas para PMDB, DEM e PSDB.
A votação é secreta. Na contabilidade dos líderes, traições na bancada governista dariam vantagem a Collor. ;Mas, se houver disputa, todo mundo perde, a começar pelo governo;, diz um ministro.
O impasse vem impedindo o funcionamento das comissões. Ontem, os líderes cobraram uma decisão de Sarney. ;Não sei o que estamos fazendo aqui;, provocou Arthur Virgílio (PSDB-AM). ;Não estamos trabalhando;. Sarney ainda tentou argumentar que, mesmo sem se reunir, as comissões estariam operando, porque a burocracia não parou. ;Elas continuam a receber os projetos de lei que entram aqui, que a elas são destinados;, argumentou. Mas as cobranças prosseguiram, unindo líderes de partidos adversários, como DEM e PT. Sarney acabou cedendo e marcou as eleições.
Corrupção
Deputados e senadores de diversos partidos lançaram ontem uma frente parlamentar de combate à corrupção. A iniciativa, patrocinada pela oposição, é uma tentativa de dar continuidade ao movimento provocado pelas declarações do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), com acusações contra o partido dele e o governo Lula. Jarbas voltou ao assunto ontem, da tribuna do Senado. Em seu discurso, repetiu as acusações, mas continuou sem citar nomes ou detalhar as denúncias.