O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), encaminhou nesta segunda-feira ofício ao TCU (Tribunal de Contas da União) pedindo a apuração das denúncias contra o diretor-geral da Casa, Agaciel Maia --acusado de usar o irmão para esconder da Justiça a propriedade de uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões. No ofício encaminhado ao presidente do TCU, Ubiratan Aguiar, Sarney pede que o tribunal determine "com a urgência possível" as "providências necessárias" para apurar a denúncia publicada pela *Folha* sobre a evolução patrimonial do diretor.
Reportagem da afirma que Agaciel usou o irmão, deputado João Maia (PR-RN), para esconder da Justiça a propriedade da casa --uma vez que o imóvel está no nome do deputado, que não declarou o bem nem à Receita Federal nem à Justiça Eleitoral. Agaciel admitiu hoje que não transferiu o imóvel para o seu nome, mas apresentou sua declaração ao Imposto de Renda que inclui a residência entre os seus bens.
"Esse foi o meu único erro, como era um negócio fraternal, de família, não fui ao cartório transferir o imóvel, o que vou fazer agora", disse.
Agaciel disse que declarou o imóvel ao Fisco em 1996 porque não poderia "esconder a casa onde mora". O diretor negou que não tenha declarado a casa à Receita Federal porque, na época, os seus bens estariam indisponíveis. O diretor chegou a confirmar à *Folha* que o imóvel não foi declarado porque ele tinha pendências judiciais, mas hoje voltou atrás na sua versão.
Reportagem da *Folha* afirma que Agaciel comprou a casa em 1996, um ano após assumir o cargo de diretor-geral, mas nunca registrou a propriedade. Não há nenhum imóvel em Brasília em seu nome, nem no de sua mulher, Sânzia, também funcionária do Senado, nem no nome dos três filhos do casal.
A casa tem 960 metros quadrados de área construída, com três andares, cinco suítes e salão de jogos. Localizada num dos pontos mais nobres de Brasília, às margens do lago Paranoá, no Lago Sul, dispõe de uma piscina em forma de taça, um amplo campo de futebol e um pequeno píer para barcos e lanchas --embora o diretor negue que a casa tenha condições de ancorar barcos porque fica numa região repleta de "lama" do lago.
Agaciel disse que o valor da sua casa foi superestimado, uma vez que o imóvel valeria apenas R$ 2,5 milhões por estar localizado próximo a uma estação de tratamento de lixo --o que desvaloriza a casa pelo mau cheiro encontrado no local. "O imóvel é em frente à usina de tratamento de lixo. É uma área desvalorizada. Ninguém vai dar esse valor [R$ 5 milhões] em uma casa onde você não pode receber visita porque tem um odor muito forte." Apesar das denúncias, o diretor disse que se sente confortável para permanecer no cargo. "Eu não sou uma pessoa que veio de fora para ocupar um cargo aqui. Não sou filiado a nenhum partido, não me envolvo nem na eleição dos senadores. Eu entendo que não mereço isso. Estou tranquilo porque não fiz nada de errado.