O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), minimizou nesta quinta-feira a disputa política em torno da presidência do fundo de pensão Real Grandeza, dos funcionários da estatal Furnas. Temer negou que o PMDB esteja pressionando a empresa para trocar o seu comando com o objetivo de acomodar peemedebistas ligados ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Não é PMDB, não. É uma questão administrativa, do Ministério de Minas e Energia e de Furnas. Não é uma questão do PMDB", disse Temer.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também negou a atuação política do partido no comando do Real Grandeza. Na opinião de Sarney, o problema é restrito ao Poder Executivo, sob a orientação do ministro Edison Lobão (Minas e Energia).
"O ministro [Lobão] e o governo já tomaram as providências. Nosso dever é criar uma agenda de alto nível e não ficar preso em problemas pequenos que são da área do Executivo, não nossa", afirmou.
Funcionários de Furnas Centrais Elétricas chegaram a paralisar algumas atividades da estatal como forma de pressão contra mudanças em seu comando. Os funcionários, no entanto, suspenderam o movimento --mas argumentam que a interrupção de algumas atividades não prejudicou o fornecimento de energia das regiões atendidas pela estatal, em especial São Paulo, Rio e Minas Gerais. Algumas atividades nos escritórios da companhia no Rio e em São Paulo foram paralisadas entre 7 horas e o meio-dia. Os funcionários querem impedir que o comando da Real Grandeza seja mudado, conforme pedido da direção da estatal, sob orientação do ministro Lobão. Funcionários da ativa e aposentados de Furnas, que contribuem para o Real Grandeza, alegam que o grupo político ligado ao deputado Eduardo Cunha quer assumir o controle do fundo, cujo patrimônio supera os R$ 6 bilhões. A possível substituição do comando do Real Grandeza seria tratada na reunião do conselho deliberativo desta quinta-feira. O assunto, no entanto, não foi discutido por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro decidiria a substituição do presidente do fundo, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, e do diretor de investimentos, Ricardo Gurgel Nogueira. Eles têm mandato até outubro.
A pressão pela troca é atribuída ao PMDB. Em mensagem aos empregados, na semana passada, o presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, disse que a estatal não está sendo tratada pela administração do fundo com o merecido respeito e que, por isso, Lobão orientou pela mudança na diretoria. Nadalutti é funcionário de carreira de Furnas e foi indicado pelo PMDB.