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Politica

Tucanos avaliam prévias para escolha do candidato à Presidência

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O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), divulgou ser favorável à realização de prévia para a escolha sobre qual tucano disputará a presidência da República, em 2010. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), mentor da ideia, deseja ir além e realizar uma agenda por todo o país para divulgar a plataforma do partido. A legenda encaminhou uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para definir o formato dessa consulta interna. O jogo parece estar bem encaminhado e o discurso, unificado. Mas não é bem assim. Há tucanos descontentes com essa possibilidade e defendem a escolha por consenso, sem disputa. O argumento é, na verdade, um questionamento sobre se a prévia não teria como resultado o racha do partido. O governador paulista mandou o recado por meio do presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PE). Não quer ficar atrás do principal concorrente, Aécio Neves, tampouco na defensiva. Divulgou o que todos queriam ouvir, mas ainda não está convencido sobre a necessidade de uma consulta interna. Em São Paulo, aliados e adversários de Serra lançam dúvidas sobre a prévia. ;O ideal seria o consenso. Se não houver, a única saída é perguntar para os militantes quem deve ser candidato;, disse o deputado Mendes Thame, presidente do diretório estadual paulista. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é partidário da escolha consensual. Gostaria até da solução que passasse por uma chapa com um vice tucano. Seria uma maneira de evitar o desgaste levantado pela escolha de Geraldo Alckmin para disputar a presidência em 2006. O governador mineiro rejeitou essa proposta. Dar voz à possibilidade da chapa puro-sangue seria enfraquecer a própria empreitada. ;Ainda tem muito tempo para definirmos o candidato. Tem muita conversa que pode ser feita. Por isso defendo que possamos chegar a um entendimento sem as prévias. A chapa puro-sangue é uma hipótese, mas pode ser outra;, afirmou o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), que nos últimos meses tem tido mais desavenças que entendimentos com Serra. Aliados do governador paulista divulgam reservadamente que Serra está insatisfeito com a realização de uma prévia por entender que ela enfraquecerá o escolhido. A consulta acabará, de acordo com essa argumentação, aumentando sua exposição e acabará alvo dos adversários, antecipando a campanha eleitoral. O exemplo citado é o da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Desde que lançou uma agenda mais forte de divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento, ela concentrou todos os ataques da oposição. O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) vê a consulta com bons olhos, mas lança mais dúvidas do que afirmações. Para ele, se forem realizadas, é preciso definir com clareza as regras para evitar futuros questionamentos sobre o resultado. ;O PSDB não tem tradição e nem é da cultura do partido fazer consulta interna;, disse o paranaense. As propostas O PSDB tenta estabelecer qual o melhor modelo para realizar uma consulta interna sobre o melhor candidato para disputar a eleição presidencial de 2010. Ainda não há consenso entre os tucanos se as prévias são realmente necessárias. Veja abaixo os modelos: # Filiados É a tese com maior aceitação: realizar uma consulta entre os militantes sobre qual o melhor candidato a enfrentar a corrida para sucessão de Lula. A dúvida é sobre qual o tempo de filiação mínimo para dar direito a voto: 1 ano ou seis meses. # Simpatizantes Consulta mais ampla. Incluiria não só filiados, mas também eleitores sem ligação partidária. Além de ser burocraticamente complicada, exigiria uma demanda de cadastro dos votantes e o partido demonstra pouca disposição em realizar esse esforço. # Estados É uma tese nova, inspirada no modelo da Convenção Nacional. Cada diretório estadual contabilizaria um voto na escolha. Tucanos analisam essa proposta ressabiados. Os críticos a classificam de ;pouco democrática; por não dar voz aos militantes.