Enquanto a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) já mergulha numa campanha não-declarada à Presidência da República, o PMDB se mexe para consolidar um nome de vice na chapa da petista. Hoje, dois despontam como favoritos: o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (BA), e o presidente da Câmara, Michel Temer (SP).
Publicamente, Geddel se esquiva do assunto. Em conversas reservadas, porém, o tom é outro. A vaidade fala mais alto e o ministro não esconde o desejo de ocupar a vaga. Seria, o que ele mesmo já disse, o ;Dilmo da Dilma;. Os defensores de Geddel usam dois argumentos a seu favor: a origem política nordestina (Bahia, no caso), somada a uma candidata sulista (Dilma), e a proximidade dele com setores da oposição. Sua escolha neutralizaria boa parte dos peemedebistas alinhados com o PSDB.
Em cima desse último argumento, aparece o nome de Temer. Amigo do governador paulista, José Serra, presidenciável tucano, o presidente da Câmara aproximou-se do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos meses, contando, inclusive, com o apoio dele para ganhar o comando da Casa Legislativa. Petistas avaliam que Dilma já conta com a alta popularidade de Lula no Nordeste. Nada melhor do que emplacar um vice de São Paulo, onde o PT tem amargado derrotas nas urnas nas recentes eleições municipais e para o governo do estado.
Oficialmente, o PMDB evita tocar no assunto. O partido até sonhava com uma candidatura própria ao Palácio do Planalto, mas sabe que terá dificuldades de alavancar alguém que consiga entrar na provável disputa entre Dilma e um candidato do PSDB, que deve realizar prévias para escolher entre Serra e o governador mineiro, Aécio Neves. O jogo é esse e o PMDB busca seu espaço, até porque o PSB não descarta abandonar a candidatura do deputado Ciro Gomes (CE) para disputar o posto de vice da ministra da Casa Civil.
Os tucanos também gostariam de ter os peemedebistas ao lado. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que disparou contra o próprio partido na semana passada, sempre aparece na bolsa de apostas para ser vice caso Serra seja o escolhido. O problema é que Jarbas perdeu força no partido para os setores mais alinhados ao Palácio do Planalto. Hoje, suas chances são remotas.
Divergências
Se quiser ser vice de Dilma, o partido terá que superar divergências internas. Temer e Geddel fazem parte de um grupo político que não se entende com os caciques do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP). A briga gira em torno da interlocução política com o Palácio. Eleito para presidir o Senado nos próximos dois anos, Sarney conversou com Temer para aparar as arestas e tentar uma união que fortaleça o PMDB numa negociação em 2010. Sarney e Renan precisam dialogar porque ainda não têm na manga um nome para oferecer a Dilma. Chegaram a cogitar o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, um dos ;queridinhos; do presidente Lula. Mas Cabral quer disputar a reeleição em 2010.