A Executiva Nacional do PMDB minimizou nesta segunda-feira a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) concedida à revista "Veja", na qual o parlamentar afirma que a legenda é um "partido sem bandeiras, sem propostas nem norte" e a maioria dos seus integrantes "quer mesmo é a corrupção".
Em nota oficial, o PMDB classifica a entrevista de um "desabafo" de Jarbas e afirma que o partido "não dará maior atenção" à entrevista em razão da "generalidade" das alegações.
"[A entrevista] não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo o sistema partidário quando diz que a "corrupção está impregnada em todos os partidos´", diz a nota.
Segundo a Executiva Nacional do PMDB, a entrevista de Jarbas trata-se de um "desabafo" ao qual a cúpula da legenda "não dará maior relevo".
A nota sinaliza que a cúpula do partido não pretende impor punições a Jarbas pela entrevista concedida à revista. A Executiva Nacional chegou a cogitar a possibilidade de expulsar o senador da legenda depois dos duros ataques direcionados ao partido. Integrantes do PMDB defenderam a saída de Jarbas porque avaliam que, com o seu peso político, o ex-governador de Pernambuco não pode atacar a legenda sem sofrer punições.
Nos bastidores, porém, a estratégia do PMDB é deixar eventuais sanções ao senador para o diretório regional do partido, em Pernambuco - sem uma ação direta da cúpula contra o parlamentar.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) foi um dos únicos integrantes do partido a sair em defesa de Jarbas. Assim como o ex-governador, Simon integra a chamada ala dos "dissidentes" peemedebistas que criticam com frequência o governo federal --embora o PMDB integre a base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Críticas
Na entrevista à revista "Veja", Jarbas disse que boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.
"Para que o PMDB quer cargos? Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção", disse.
Jarbas afirmou ainda que o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. "É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos." Sobre a eleição de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, o senador afirmou que é um completo retrocesso.
"A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado."