São Paulo - Com um jantar na casa da ex-ministra do Turismo, Marta Suplicy, na noite desta sexta-feira (13/02), o PT paulista tentou demonstrar em bloco sua aprovação e apoio à provável candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais de 60 caciques, parlamentares e prefeitos petistas atenderam ao convite e compareceram à residência de Marta, na Rua Dinamarca, no Jardim Europa, zona sul da capital paulista. Logo na entrada, senadores, deputados e vereadores anteciparam o tom do encontro, dando declarações em que destacaram a união do PT estadual em favor da candidata preferida do presidente Lula para a corrida eleitoral de 2010.
A homenageada chegou por volta das 20h40 ao jantar, no qual seriam servidos ravióli de abóbora com picadinho ao vinho tinto. No cardápio principal, no entanto, estavam as articulações políticas e o desempenho da própria ministra diante da cúpula partidária no estado, berço do PT.
Dilma chegou serena, bem maquiada e distribuiu sorrisos ao descer do carro. Foi recepcionada ainda na porta por Marta Suplicy, que, depois de perder a eleição para a prefeitura da cidade no final do ano passado, apareceu mais magra e com corte de cabelo mais moderno, em um elegante conjunto de saia e blusa na cor prata e sandálias de salto alto.
"O PT de São Paulo está unido em torno da candidatura de Dilma e da defesa dos projetos do presidente Lula", disse Marta, antes de abraçar e destacar "a competência, a energia e a doçura" da ministra.
"Não estou candidata"
Bastante à vontade em uma calça de crepe de seda preta, blusa com listras em branco-e-preto, sandálias baixas e colar de pérolas, a ministra atendeu ao pedido dos jornalistas e falou por quase 10 minutos.
De cara, tentou deixar claro: "Eu não estou candidata e também ainda não sou candidata. Para eu ser candidata já teria que ter debatido este tema com o presidente e ainda não o fiz. E também teria de ter o apoio do meu partido. As duas coisas não estão dadas ainda", afirmou Dilma.
No decorrer da entrevista, no entanto, a ministra disse acreditar que o país está pronto sim para eleger uma mulher: "Acho que o Brasil está maduro para ter uma mulher presidente. Acho que este século é o das mulheres. Não só no Brasil, mas na América Latina. Temos aí a Cristina (Kirchner, presidente da Argentina), a (Michelle) Bachellet (presidente do Chile). Assim como também é o século dos negros e dos índios".
Dilma Rousseff reconheceu que pode haver na sociedade brasileira segmentos resistentes à presença feminina no principal cargo de comando do país. "As mulheres geralmente são mais sujeitas a alguns preconceitos. Mas acredito muito nas mulheres", disse a ministra, depois de elogiar o desempenho de Marta Suplicy à frente da prefeitura de São Paulo (2001-2004) e dizer sentir-se preparada para enfrentá-lo. "A melhor forma de lidar com preconceitos é reconhecer quando existem. Não negá-los, mas, sim, enfrentá-los."
Sem Resistências
A ministra negou a existência de eventuais resistências a seu nome dentro da legenda. "Não vejo nenhuma resistência, pelo contrário. O PT tem me recebido de forma fraterna. Acredito que represento o que tem de mais vívido no PT". Ela elogiou bastante a legenda e a história do partido, que classificou como sendo o partido "de seu coração".
Antes de despedir-se dos jornalistas, Dilma repetiu a frase já usada ao longo da semana, na qual faz referência a um trecho de um samba cantado por Zeca Pagodinho. "Deixa a vida me levar", disse ela". "As coisas têm sua hora. E a minha não chegou. Ainda", encerrou Dilma.
A recepção na casa de Marta, marcada para uma sexta-feira 13 apenas porque a data era adequada às agendas de todos, foi organizada depois de uma conversa entre a petista e o presidente Lula. A idéia era apresentar formalmente Dilma para as bancadas e dirigentes paulistas da legenda.
Caciques do partido atenderam prontamente ao chamado. Entre eles, o líder do PT na Câmara Federal, Cândido Vaccarezza, que deixou seu recado: "Para nós é Dilma. Não há outro nome para nós no PT. O nome é Dilma". Também compareceram os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, o ex-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, e o secretário-geral do partido, deputado José Eduardo Martins Cardozo.
Os presidentes dos diretórios estadual e municipal do PT, respectivamente Edinho Silva e José Américo, também foram ao jantar, assim como parlamentares João Paulo Cunha e Antônio Palocci, entre outros.