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Paulo Renato diz que Lula mentiu sobre analfabetismo em São Paulo

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O deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP) criticou nesta sexta-feira a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os números do analfabetismo no Estado de São Paulo. Segundo o tucano, o presidente praticou um "ato covarde" e mentiu ao dizer que existem mais de 10% de analfabetos no Estado. "Um presidente usar dados falsos, com claras intenções eleitoreiras, em qualquer parte do mundo é inadmissível. Foi um ato covarde, dito num ato de campanha eleitoral, sem dar o direito de qualquer pessoa responder para esclarecer que é mentira", afirmou Paulo Renato durante discurso no plenário da Câmara. Na terça-feira, em encontro com prefeitos, Lula ficou surpreso ao citar o número de analfabetos em São Paulo. "Pasmem, caiam de costas, [Gilberto] Kassab [prefeito de São Paulo], porque você não sabia e eu não sabia: no Estado de São Paulo nós ainda temos 10% de analfabetos, o Estado mais rico da Federação. Significa que nós estamos errando em alguma coisa", disse o presidente, chamando a atenção do prefeito da capital paulista, presente no evento. Em seu discurso hoje na Câmara, Paulo Renato disse que o analfabetismo em São Paulo é de 4,6%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A Presidência nega que Lula tenha errado os dados e afirma que o número está correto, pois representa uma comparação com o total de analfabetos no país. Em nota enviada na noite de quarta-feira, o Planalto apresentou os dados colhidos pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do IBGE), com informações de analfabetismo em cada Estado. São Paulo aparece com 4%, mas, em comparação com o total de analfabetos no país, possui pouco mais de 10%. Na transcrição do discurso de Lula, incluída no esclarecimento do Planalto, a assessoria incluiu um colchete explicativo na fala de Lula: "No Estado de São Paulo nós ainda temos 10% [do total] de analfabetos do Brasil". Na quarta-feira, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse não acreditar em má-fé do presidente Lula ao criticar indiretamente a educação em São Paulo inflacionando o número de analfabetos no Estado. Segundo Serra, o erro foi do MEC (Ministério da Educação), que informou dados antigos ao presidente.