O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, mandou hoje um recado claro a seu partido, o PSDB. Ele está no páreo e, se necessário, vai lutar pela realização de prévias para as eleições presidenciais de 2010. Aécio comemorou o resultado da pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem. "Me sinto extremamente confortável de, mesmo sem ter disputado qualquer eleição nacional, sem estar presente inclusive na mídia nacional, ter um resultado tão sólido e expressivo como esse, à frente também dos demais nomes colocados", comentou.
Em uma das listas das pesquisa, Aécio lidera com 23,3% das intenções de voto, à frente da ex-senadora Heloísa Helena (18 2%) e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (16,4%). Quando o candidato tucano é o governador de São Paulo, José Serra, a vantagem é ainda maior. Serra tem 42,8%. Em segundo lugar aparece Dilma, com 13,5%, e em terceiro lugar fica Heloísa Helena (11,2%). O governador considerou natural o fato de que Serra tenha aparecido em primeiro lugar na pesquisa. "Até pela possibilidade que teve de um conhecimento maior pelo País em outras disputas eleitorais", argumentou.
Embora repita sempre que acredita no consenso e que os tucanos conseguirão chegar ao nome do candidato à Presidência na base do entendimento, Aécio mostrou sua disposição de lutar para que as prévias sejam realizadas. Seus aliados consideram que as prévias são um instrumento que aumentam suas possibilidades dentro do partido, na medida em que ampliam a base de consulta.
O governador reafirmou sua disposição de visitar correligionários de outros Estados para a construção de um programa de governo com propostas que poderão ser defendidas pelo partido, independente de quem seja o candidato. Aécio lembrou que já recebeu vários convites para se reunir com tucanos em outros Estados.
Eleições no Congresso
Para o governador de Minas Gerais, que esteve fora do País até o fim da semana e acompanhou de longe as eleições no Congresso, a vitória do PMDB para a presidência da Câmara e do Senado restabeleceu um critério importante, o da proporcionalidade das bancadas. E será uma boa oportunidade para uma gestão mais independente. "Acho que é uma oportunidade de o Poder Legislativo avançar na sua consolidação como poder independente e não poder subserviente", declarou Aécio, em sua primeira entrevista depois de voltar ao Brasil. "Para isso, é fundamental que o Poder Executivo deixe de legislar, como vem ocorrendo até hoje.
Aécio, que já presidiu a Câmara dos Deputados, defendeu a criação de um instrumento que permita ao Congresso fazer uma avaliação prévia da admissibilidade das medidas provisórias, com relação ao caráter de urgência. Como presidente da Casa, esta foi uma das propostas que o tucano tentou levar à frente.
Na avaliação do governador, a vitória do senador José Sarney (PMDB) contra Tião Viana (PT) não pode ser vista como uma derrota para o Partido dos Trabalhadores ou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a vitória foi da base do governo. O resultado, argumentou ele, não foi uma alteração fundamental para a oposição. Aécio se encontra com Lula na sexta-feira, em Brasília para discutir a participação do governo federal nos investimentos do metrô da capital mineira.