O relator da CPI dos Grampos, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), disse ontem que a interceptação ilegal dos telefonemas do líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), tem ;motivação política;. ;Não tenho nenhuma dúvida de que as investigações vão concluir isso;, declarou o petista, que classificou o episódio envolvendo o tucano de ;muito grave;. Ao Correio, o líder do PSDB disse ontem que seus diálogos grampeados pela quadrilha, presa na última quarta-feira pela Polícia Civil paulista, ocorreram nos dias 6 e 7 de outubro passado, logo após o primeiro turno das eleições municipais, ocorrido no dia 5.
Para Aníbal, é preciso saber quem ordenou o grampo contra o telefone usado por sua secretária em Brasília. Esse aparelho, segundo o parlamentar, serve de ponte para as principais ligações que ele recebe em sua atividade política. ;Essa é a questão central a ser investigada;, afirmou o tucano. O secretário-geral do PSDB paulista, César Gontijo, chamou ontem os autores do grampo de ;aloprados;, expressão usada na campanha presidencial de 2006 quando petistas foram presos negociando um dossiê fajuto contra tucanos. ;Não estou dizendo que tem relação ou não com aquele grupo ou o PT. Isso a polícia é que vai dizer. Mas a quem interessaria?;, questiona.
A cúpula do PSDB em São Paulo tem mantido contato direto com os promotores responsáveis pelo caso no Ministério Público e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão. A polícia, segundo investigadores, está próxima de anunciar a motivação do crime. O líder tucano foi alvo de um esquema de venda de informações confidenciais, como dados telefônicos e bancários, repassados por funcionários de empresas a detetives particulares. Ontem, a polícia prendeu a 10ª pessoa envolvida no caso e, segundo os investigadores, até as 20h, três deles já haviam sido interrogados.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu ontem a identificação e a punição dos responsáveis pelo grampo contra Aníbal. A CPI já decidiu investigar o caso. Só não se sabe com qual profundidade e até quando. O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), já pediu a convocação dos responsáveis pelas investigações. Primeiro, querem ouvir o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) da Polícia Civil paulista, e os promotores Márcio Sérgio Christino e Pedro Baracat Guimarães. Logo em seguida, podem ser ouvidos os detetives envolvidos no esquema.
Mas o relator da comissão defende apenas a menção das investigações da polícia paulista que envolveram o líder tucano. Pellegrino deve apresentar o texto até a segunda quinzena de fevereiro, para ser votado pelos integrantes da CPI até final de março. Para o relator, não há tempo hábil para realizar essas convocações, a não ser que a comissão seja prorrogada mais uma vez.