Depois de um segundo semestre em que os trabalhos da Assembleia Legislativa da Bahia pareceram mais focados nas eleições municipais do que em projetos para o Estado, a casa iniciou hoje o período de convocação extraordinária - pedido pelo próprio presidente da Casa, Marcelo Nilo (PSDB). Com a medida, o Legislativo se compromete a votar os 25 projetos pendentes - metade do que foi votado ao longo de todo o ano de 2008. Nove desses projetos, referentes a planos de carreira de servidores, foram enviados pelo governo estadual no último dia 30. Para isso cada deputado terá direito a receber, além do salário, de R$ 12 5 mil, dois abonos, ou R$ 25 mil. O total bruto é de R$ 37,5 mil sem falar de verbas indenizatórias e convocações de assessores.
"Projetos importantes para a Bahia estão acumulados, por isso decidi pela convocação", diz Nilo, que tem entre os objetivos a reeleição ao cargo, na votação prevista para 1.º de fevereiro. A convocação foi aprovada pelo governo estadual. "Foi uma decisão do Legislativo", afirma o governador Jaques Wagner (PT). "Mas é natural que os trabalhos na assembleia tenham sido afetados pelas eleições.
Para o líder do DEM na casa, Heraldo Rocha, "período eleitoral não é justificativa para que projetos importantes não sejam votados". Na opinião de Rocha, "o que faltou foi organização e articulação política do governo." Três deputados, todos da base do governador, afirmam ter a intenção de doar a verba extra: Maria Luiza (PMDB), Álvaro Gomes (PC do B) e Zé Neto (PT). Os oposicionistas, porém, veem a atitude dos colegas com desconfiança. "Devolver ou doar a verba soa como oportunismo, para não dizer demagogia", alfineta o líder da oposição, Gildásio Penedo (DEM).