A aliança entre PSB, PDT, PC do B, PRB e PMN, que forma o chamado bloquinho na Câmara, está cada vez mais próxima de desmanchar. A insatisfação do PDT já se tornou pública. O presidente licenciado do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse nesta terça-feira que não vê mais sentido para que o bloco político continue atuando junto no Congresso. Na avaliação do ministro, o bloquinho "se esvaziou".
Lupi confirmou que a saída do partido do bloco será discutida durante uma reunião da bancada marcada para o próximo dia 21. Um dos estopins para o desembarque do partido é a eleição para a presidência da Câmara. Depois de se reunir com o deputado Michel Temer (SP), Lupi sinalizou que o partido deixaria o apoio ao deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), lançado pelo bloquinho na disputa, para dar aval a candidatura do peemedebista.
O bloquinho foi articulado em janeiro de 2007, às vésperas da eleição para a Mesa Diretora da Câmara para apoiar a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Casa contra Chinaglia (PT-SP). Para Lupi, que passou a defender abertamente a candidatura de Temer, o PDT precisa estar independente no processo de escolha do comando da Câmara. "Essa união se justificava há dois anos. Vivemos outro momento. Por isso, o melhor seria que o PDT estivesse independente."
Segundo o ministro, se o PDT decidir permanecer no bloquinho, os 25 votos do partidos deverão ser revertidos para Aldo. "É o natural", afirmou. Por outro lado, Lupi afirmou que um eventual racha no bloquinho não deve ter influência no processo de sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 e não significaria um recuo na possível candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que ganhou fôlego com ajuda do PDT. "Não se pode misturar os processos. Nada impede que a gente esteja junto em 2010", disse Lupi.
Confiança
Apesar da indicação dos líderes pedetistas de que devem sair do bloquinho, Aldo se diz confiante de que conseguirá reverter à situação. O comunista disse que vai procurar os deputados do partido para conversar individualmente. Aldo nega que a união do bloquinho esteja saturada. "Não há esgotamento algum. Conquistamos uma importante força dentro da Câmara", afirmou.
O comunista questiona a possível saída do PDT do bloquinho e o apoio a Temer. "Quem me lançou candidato à presidência da Câmara foi o presidente do PDT, o deputado Vieira da Cunha. Então, não entendo isso", disse Aldo. Ao todo, os deputados dos seis partidos do bloquinho somam 78 votos. *Desentendimentos* O desentendimento entre os integrantes do bloquinho começou com a falta de sintonia nas eleições municipais de 2008. Líderes do PDT começaram a argumentar que a formação do bloquinho não cumpriu seu objetivo de estabelecer uma frente unida, independente da base aliada ao governo Lula e com maior espaço no Congresso.
Durante as eleições o bloquinho só conseguiu patrocinar a tentativa de reeleição do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PC do B), que agregou ainda o apoio do PT e do PSDB.
Em outras sete capitais, só candidatos do PT conseguiram unir o bloquinho na mesma coligação --como em São Paulo, Natal, Palmas, Recife, Rio Branco, Vitória e Teresina.