O ritmo da campanha eleitoral pela presidência do Senado é diferente do que ocorre na Câmara. Discretamente, os dois candidatos --o atual presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que busca a reeleição, e o petista Tião Viana (AC)-- articulam apoios e costuram eventuais alianças. Porém, ambos atuam para intensificar as negociações a partir do dia 20, quando os partidos políticos estarão indicando os novos líderes de bancada e escolhendo os comandos das comissões permanentes na Casa.
A ideia é conquistar o apoio fechado das bancadas, diferente do que ocorreu na briga pela Câmara, quando apenas as cúpulas dos partidos apontaram de que lado ficariam. Na busca por votos, Garibaldi e Tião lançaram mão de estratégias semelhantes e empregaram um tom institucional. Nos contatos que disparam com seus pares, tanto Garibaldi quanto Tião destacam a importância do Senado recuperar a autonomia em relação ao Executivo e retomar o ritmo próprio nas votações.
Garibaldi, que tem comandado a campanha de sua residência em Natal, afirma que ainda é precipitado falar em votos e apoio fechado. "Avaliar quantos votos tenho ou dizer quantos partidos me apoiam é precipitado. Não posso atropelar as decisões das bancadas", disse o peemedebista à reportagem.
Por outro lado, Tião já faz as contas. Contabilizando votos governistas, inclusive dentro do PMDB, e da oposição, o petista diz reunir pelos menos 52 votos favoráveis à sua campanha. Enquanto espera um posicionamento dos partidos, Garibaldi aposta no contato individual com os senadores. Tem ligado diariamente e encaminhado cópia dos três pareceres assinados por juristas --sendo um deles encomendado pelo PMDB-- favorável à sua reeleição. Os documentos reforçam sua participação na disputa argumentando que como seu atual mandato é "tampão" não haveria lacuna constitucional sobre o tema que impedisse sua permanência na briga. O parecer explica que vetar a reeleição na mesma legislatura não seria mais necessário nos dias de hoje e que a medida serviu, no passado, para "combater as oligarquias políticas regionais que tiveram marcante presença na história política do país". O presidente do Senado também está de olho na campanha do adversário. Ontem, leu a carta que Tião encaminhou aos senadores pedindo voto. No texto, o petista tenta desmanchar as críticas de que sua campanha serve aos anseios do Palácio do Planalto, mostrando que pretende lutar contra a judicialização do Legislativo e contra o excesso de medidas provisórias.
Garibaldi, no entanto, disse que vem colocando essas duas preocupações em debate desde que assumiu o comando do Senado, mas evita criticar a postura do colega. "Eu tenho essas duas preocupações. Mas isso é válido porque mostra que há uma convergência no que queremos para o Senado", afirmou o peemedebista.