Fragilizado por colocar uma tropa de arapongas a serviço da Operação Satiagraha, o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, foi exonerado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após três meses de afastamento da função. Na tentativa de apaziguar a guerra entre a Polícia Federal e a Abin, Lula decidiu manter Lacerda bem longe: vai acomodá-lo em Portugal, no novo cargo de adido policial da embaixada brasileira em Lisboa.
Alvo de inquérito da Polícia Federal e do Ministério Público por suspeita de comandar um esquema de escuta clandestina e atuação ilegal de agentes da Abin na Satiagraha, Lacerda já havia sido afastado temporariamente do comando da agência em setembro. Na ocasião, o Estado antecipou que ele não mais voltaria ao comando da Abin.
À época, o afastamento foi a alternativa que restou ao governo depois de denúncia dando conta de que a Abin supostamente grampeara o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ministros e políticos do governo e da oposição. Uma sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência concluiu, porém, que Lacerda não cometeu irregularidades durante a Operação Satiagraha. O delegado, no entanto, perdeu as condições políticas para permanecer no posto.