O presidente e relator da Comissão Especial da Lei da Anistia, respectivamente os deputados Danilo Almeida (PCdoB-BA) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), solicitaram formalmente ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, providências em relação ao tenente José Vargas Jimenez, codinome Chico Dólar, que na semana passada confirmou torturas e mortes na Guerrilha do Araguaia. No ofício, com cópia da transição e do vídeo do depoimento de Chico Dólar ao Congresso, Almeida e Faria de Sá pedem esclarecimentos. O objetivo é processar criminalmente o tenente.
Ao depor na Câmara, Chico Dólar chocou os parlamentares. Dizendo-se "herói", ele admitiu que corpos de guerrilheiros tinham cabeça e mãos decepadas para dificultar a identificação. "Um deles eu coloquei nu em um pau de arara, lambuzado de açúcar bem em cima do formigueiro", relatou. "Era difícil carregar corpos na selva. O que se fazia era cortar a cabeça e mãos. Alguns a gente deixava mesmo para os bichos comerem."
Chico Dólar contou que a ordem vinha dos militares superiores, mas se negou a dar nomes. "Eu não matei ninguém. Mas vi a cabeça e as mãos de uns três serem decepadas", afirmou. Ele admitiu ter feito as revelações considerando que os crimes já estariam prescritos. "Ele se esqueceu que tortura não prescreve", disse Faria de Sá.