Decisões em favor de um prefeito afastado do cargo, relatos de interferência em concursos públicos e uma briga familiar pelos lucros de um cartório administrado por um ;laranja;. As investigações da Polícia Federal, que culminaram na Operação Naufrágio, revelam como o Tribunal de Justiça do Espírito Santo teria se transformado num balcão de negócios. A ação da PF prendeu, na terça, o presidente da Corte, Frederico Pimentel, os desembargadores Elpídio Duque e Josenider Varejão, um juiz, dois advogados e uma funcionária. Os presos foram transferidos para Brasília, onde se negaram a prestar depoimentos.
A decisão em favor do prefeito teria custado R$ 40 mil. Metade do dinheiro teria sido destinada a Varejão, que concedeu a liminar. Os outros R$ 20 mil para o juiz Frederico Luiz Schaider Pimentel, filho do presidente do Tribunal. Conhecido como Dr. Chicô, o prefeito de Pedro Canário, Francisco José Prates de Matos (PMDB), havia sido afastado por fraudes em licitações na prefeitura. Nesse caso, os advogados Paulo Guerra Duque, filho do desembargador Duque, e Johnny Lievori teriam atuado na defesa de Chicô.
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Duque teria negociado a compra da liminar com o juiz Frederico, conhecido como Fredinho, que acionou sua cunhada e chefe do setor de distribuição do TJ, Bárbara Sarcinelli, que por sua vez teria ;sorteado; o processo para Varejão. Para a PF, o advogado Pedro Celso Pereira atuava como o intermediador de Varejão para receber as quantias. No dia seguinte à concessão da liminar, o desembargador declarou, segundo escuta telefônica, que já teria recebido R$ 20 mil. ;Eles iam me dar sabe quanto? Os 43 que estavam faltando. Aí me entregaram 20 hoje e disseram que os 23 a semana que vem entregam, então, tudo bem.; Na data em que a decisão foi cumprida e Chicô reassumiu a prefeitura, Paulo Duque teria ligado para Pedro Celso Pereira, para dizer que recebeu as quantias e que, por isso, efetuaria o restante do pagamento.